PUBLICIDADE

Oriente Médio

Premiê turco: manifestantes andam de braços dados com o terrorismo

3 jun 2013 - 14h52
(atualizado às 15h09)
Compartilhar
Exibir comentários
Erdogan fala com jornalistas em Istambul, antes de partir para viagem à África
Erdogan fala com jornalistas em Istambul, antes de partir para viagem à África
Foto: AP

O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, acusou nesta segunda-feira manifestantes antigoverno de andarem "de braços dados com o terrorismo", declaração que pode inflamar ainda mais a ira popular depois de três dias de alguns dos distúrbios mais violentos em décadas.

Centenas de policiais e manifestantes ficaram feridos desde sexta-feira, quando uma demonstração para interromper a construção de um parque em uma praça de Istambul se transformou em protestos intensos contra uma repressão dura e o que os opositores descreveram como autoritarismo de Erdogan. Protestos foram realizados em dezenas de cidades.

As demonstrações não deram sinal de que estavam diminuindo na segunda-feira, com manifestantes voltando a se reunir na Praça Taksim. Barricadas de escombros dificultavam o tráfego ao longo do canal de Bósforo e bloqueavam a entrada para a área. Grupos de esquerda brandiam bandeiras vermelhas e negras e faixas exigindo a renúncia e Erdogan, e declarando: "Aconteça o que acontecer, não há volta."

Em Ancara, manifestantes ergueram uma barricada no quarteirão de Kizilay, do governo, e puseram fogo na via enquanto um helicóptero circulava acima. A polícia atacou os manifestantes, a maioria adolescentes, espalhando-os com gás lacrimogêneo e canhões de água.

Erdogan rejeitou os protestos como obra de inimigos secularistas que nunca se reconciliaram com o mandato de seu partido AK, que tem raízes nos partidos islâmicos proibidos no passado, mas que também abrange elementos de centro-direita e nacionalistas. O partido venceu três eleições seguidas e administra um boom econômico, aumentando a influência da Turquia na região.

"Este é um protesto organizado por elementos extremistas", disse Erdogan em uma coletiva de imprensa antes de partir em viagem para a África do Norte. "Não iremos ceder nada aos que vivem de braços dados com o terrorismo", disse. "Muitas coisas aconteceram neste país, eles enforcaram, eles envenenaram, mas seguiremos em direção ao futuro com determinação e mantendo nossos valores", ele acrescentou, uma alusão ao passado nebuloso de golpes militares da Turquia.

A Confederação dos Sindicatos de Trabalhadores Públicos da Turquia (KESK), de esquerda, que representa 240 mil membros, disse que faria uma "greve de advertência" em 4 e 5 de junho em protesto contra a repressão do que começou como protestos pacíficos.

O tumulto foi um golpe ao mercado financeiro turco, que vem tendo sucesso sob Erdogan. As ações caíram em mais de 10% e a lira teve a maior baixa em 16 meses.

Desde que assumiu o poder, em 2002, Erdogan vem dramaticamente reduzindo o poder das Forças Armadas, que derrubaram quatro governos na segunda metade do século 20 e que prenderam e enforcaram muitas pessoas, inclusive um primeiro-ministro. Em 1997, o primeiro governo islâmico da Turquia foi derrubado pelos militares.

Erdogan disse que os manifestantes não têm apoio da população e rejeitou qualquer comparação com a Primavera Árabe que varreu os Estados árabes vizinhos, derrubando governantes mantidos há muito no poder com a ajuda dos serviços de segurança repressores.

Sua própria estabilidade no cargo, com suas reformas econômicas e políticas, era em si a "Primavera Turca", ele sugeriu. "Aqueles na mídia estrangeira que falam sobre uma Primavera Turca, nós já estamos passando por uma Primavera Turca, nós a estamos vivendo, e os que a querem transformar em inverno não terão sucesso."

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade