O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu um grande comparecimento nas eleições presidenciais desta sexta-feira, e disse que não "dá a mínima" para as acusações americanas de que a votação é injusta.
"O que é importante é que todo mundo participe", disse Khamenei, falando ao vivo na televisão estatal, após depositar seu voto na capital Teerã. "Nossa querida nação deve vir (votar) com entusiasmo e vivacidade, e saber que o destino do país está nas mãos deles e que a felicidade do país depende deles."
A votação desta sexta-feira é a primeira eleição presidencial do Irã desde 2009, quando a contestada reeleição de Mahmoud Ahmadinejad levou a meses de conflitos na República Islâmica.
Khamenei ridicularizou as preocupações ocidentais sobre a credibilidade da votação. "Recentemente, ouvi que alguém no Conselho de Segurança Nacional dos EUA disse que 'nós não aceitamos esta eleição no Irã'. Nós não damos a mínima", disse.
Em 24 de maio, o secretário de Estado americano, John Kerry, colocou em dúvida a credibilidade da eleição, criticando a desqualificação de candidatos e acusando Teerã de interromper o acesso à Internet. O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão estatal que avalia todos os candidatos, barrou vários concorrentes, incluindo o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, que é visto como simpático a reformas.
Atual prefeito de Teerã, Mohammad Baqer Qalibaf já tentou concorrer à presidência em 2005, quando foi derrotado pelo atual mandatário Mahmou Ahmadinejad. Ele é considerado o responsável por modernizar a infra-estrutura e os serviços públicos da capital do país, o que lhe garantiu a oitava colocação no prêmio de melhor prefeito do mundo World Mayor Awards de 2008. Por outro lado, ele é considerado um dos responsáveis pela violenta repressão de protestos políticos em 1999, 2003 e 2009
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Saeed Jalili é o atual negociador nuclear do país, posição que ocupa desde 2007 após ser apontado pelo aiatolá Khamenei. Ex-membro da Guarda Revolucionária do Irã, ele perdeu a perna direita na guerra com o Iraque. Jalili chegou a ser considerado preferido do aitolá, mas este preferiu não endossar nenhum concorrente abertamente. Ele também é ligado à ala mais conservadora dos religiosos do país
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Ali Akbar Velayati foi o ministro do Exterior a passar mais tempo no cargo, entre 1980 e 1996. Atualmente ele é o principal conselheiro do aiatolá Khamenei para assuntos internacionais. Médico de formação, ele é considerado um dos principais responsáveis por moldar uma linha dura em relação ao Ocidente na política externa do país
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Negociador nuclear do Irã entre 2003 e 2005, Hasan Rouhani é considerado o candidato dos reformistas. Ele consolidou esta posição após a desistência de Mohammad Reza Aref, que era outro concorrente da ala reformista. O clérigo Rouhani também é o candidato do ex-presidente reformista Hashemi Rafsanjani, que foi impedido de participar desta eleição. Apesar disso, ele também tem fortes vínculos com o aiatolá Khamanei, a quem aconselha desde 1989
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Mohsen Rezayee é um ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã e atualmente participa de um conselho que assessora o aiatolá. Ele concorreu à presidência em 2009, mas ficou em terceiro lugar. Rezayee já foi investigado pela Interpol sob a suspeita de cumplicidade com o atentado contra um centro judaico de Buenos Aires em 1994, que deixou 85 pessoas mortas
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Ex-ministro do Petróleo do Irã, Mohammad Qarazi é considerado o candidato mais obscuro da corrida eleitora. Ele está fora do centro da política iraniana há 16 anos. Durante a campanha, ele fixou seu discurso na necessidade de combater a inflação
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Os iranianos podem escolher a partir de uma chapa de seis candidatos, em grande parte conservadores, os quais foram aprovados pelo Conselho. Khamenei, que não endossou nenhum candidato publicamente, disse que não falou a ninguém sobre seu favorito à Presidência.
"Entre aqueles concorrendo, eu tenho alguém em mente que escolhi. Eu não disse a ninguém (o meu voto). Mesmo as pessoas próximas a mim, como a minha família e as crianças, não sabem em quem eu votei", disse ele.
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