Memorial online lembra 38 mil crianças japonesas mortas após bombardeios de Hiroshima e Nagasaki
Uma organização antinuclear laureada com o Prêmio Nobel da Paz lançou nesta terça-feira (1) um memorial online em homenagem às 38 mil crianças mortas nos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, com a aproximação do 80º aniversário desses ataques, em agosto.
Uma organização antinuclear laureada com o Prêmio Nobel da Paz lançou nesta terça-feira (1) um memorial online em homenagem às 38 mil crianças mortas nos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, com a aproximação do 80º aniversário desses ataques, em agosto.
O site apresenta cerca de 400 retratos que contam a vida dessas crianças e "a dor de seus entes queridos sobreviventes", informou a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN), vencedora do Nobel da Paz em 2017.
"Compartilhando esses relatos comoventes, esperamos honrar sua memória e incentivar ações em prol da abolição total das armas nucleares — uma tarefa cada vez mais urgente diante das crescentes tensões no mundo", afirmou a organização.
Os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945 e outra sobre Nagasaki no dia 9 — os únicos casos na História em que armas nucleares foram usadas em guerra.
Cerca de 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 74 mil em Nagasaki, incluindo muitas que faleceram posteriormente devido à exposição à radiação. Entre as vítimas, cerca de 38 mil eram crianças, segundo a ICAN.
Os visitantes do memorial digital podem acessar os perfis de 426 crianças, das quais 132 estão acompanhadas de fotografias. Entre elas está Tadako Tameno, que morreu aos oito anos nos braços da mãe dois dias após o bombardeio de Hiroshima.
O projeto também narra a história dos seis filhos da família Mizumachi, mortos em Nagasaki. Apenas uma menina, Sachiko, de 14 anos, sobreviveu.
Trump causa indignação
A iniciativa foi lançada após declarações controversas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, em que comparou ataques americanos a instalações nucleares iranianas às bombas atômicas lançadas no fim da Segunda Guerra Mundial.
"Alguém disse que, de certa forma, foi tão devastador que se pode pensar em Hiroshima, em Nagasaki", declarou ele ao final de uma cúpula da Otan em Haia.
As declarações provocaram indignação entre os sobreviventes e uma pequena manifestação em Hiroshima. O conselho municipal da cidade aprovou uma moção condenando quaisquer justificativas para o uso da bomba atômica.
O embaixador de Israel no Japão, Gilad Cohen, participará este ano da cerimônia de comemoração em Nagasaki, em agosto — após tê-la boicotado em 2024 junto com outros diplomatas ocidentais, em resposta a declarações do prefeito da cidade sobre Gaza, segundo a imprensa local.
Pela primeira vez desde a invasão da Ucrânia em 2022, o embaixador da Rússia também participará da cerimônia, de acordo com a imprensa russa.
Nobel
O número de sobreviventes japoneses dos ataques nucleares americanos caiu pela primeira vez abaixo de 100 mil desde o início dos registros, em 1957, informou o Ministério da Saúde nesta terça-feira.
Em 31 de março de 2025, havia 99.130 sobreviventes registrados, com idade média de 86,13 anos, segundo os dados oficiais.