Israel e Hamas aceitam 1ª fase de plano de paz de Trump
Acordo prevê libertação de reféns e retirada gradual de tropas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (8) que Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas assinaram a primeira fase do plano de paz proposto por ele, que prevê a libertação de todos os reféns ainda mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza e a retirada gradual das tropas invasoras do enclave palestino.
A notícia chega no dia seguinte ao segundo aniversário da guerra, deflagrada pelos atentados terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram 1,2 mil mortos em Israel, cuja resposta militar já custou as vidas de quase 70 mil palestinos e transformou Gaza em uma pilha de escombros.
"Tenho muito orgulho em anunciar que tanto Israel quanto o Hamas assinaram a primeira fase de nosso plano de paz. Isso significa que todos os reféns serão libertados muito em breve e que Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como primeiros passos rumo a uma paz forte e duradoura", escreveu Trump na plataforma Truth Social, a pouco mais de um dia do anúncio do Nobel da Paz de 2025, prêmio cobiçado pelo magnata.
"Todas as partes serão tratadas justamente. Esse é um grande dia para o mundo árabe e muçulmano, para Israel, para as nações vizinhas e para os Estados Unidos da América, e agradecemos aos mediadores do Catar, do Egito e da Turquia, que trabalharam conosco para fazer esse evento histórico e sem precedentes acontecer", acrescentou.
O Ministério das Relações Exteriores do Qatar também confirmou que foram acertados "todos os mecanismos de implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, que levará ao fim da guerra, à libertação dos reféns israelenses e dos prisioneiros palestinos e à entrada de ajudas humanitárias".
Já o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que convocará o governo nesta quinta-feira (9) para aprovar o acordo e agradeceu a Trump pelo "empenho nessa missão sagrada de libertação dos nossos reféns".
"Agradeço aos valorosos soldados das Forças de Defesa de Israel [IDF]: é graças à coragem e ao sacrifício deles que chegamos a este dia. Com a ajuda de Deus, continuaremos alcançando todos os nossos objetivos e expandindo a paz com nossos vizinhos", salientou. Os dois líderes também tiveram uma conversa "emocionante e calorosa" por telefone.
O Hamas, por sua vez, disse que o acordo "determina o fim da guerra em Gaza, a retirada das IDF, a entrada de ajuda e a troca de prisioneiros". "Apreciamos profundamente os esforços dos irmãos mediadores de Catar, Egito e Turquia e apreciamos também os esforços do presidente Donald Trump para colocar um fim definitivo na guerra", declarou o grupo.
A notícia do acordo foi recebida com festa nas ruas de Gaza, enquanto as famílias dos 48 reféns israelenses sob poder do Hamas demonstraram otimismo, mas alertaram que a luta "não terminará enquanto a última pessoa não for restituída".
Acredita-se que cerca de 20 reféns ainda estejam vivos, e a expectativa é de que todos sejam soltos de uma só vez, sem cerimônias por parte do Hamas, diferentemente do que ocorreu no cessar-fogo do início do ano, quando israelenses capturados foram exibidos perante multidões em Gaza.
Em troca desses 20 reféns, Israel deve soltar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 condenados à prisão perpétua e 1,7 mil detidos desde o início da guerra.
Segundo uma fonte do grupo fundamentalista citada pela agência AFP, a troca deve ocorrer dentro de 72 horas a partir da assinatura do pacto, que deve ocorrer de fato na manhã desta quinta-feira, possivelmente no Egito.
Ainda não está claro, no entanto, quais são os termos exatos já acordados pelos dois lados e quais serão os próximos passos para uma paz definitiva no Oriente Médio.