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Israel celebra acordo com Emirados Árabes, mas pacto irrita palestinos e colonos

13 ago 2020 - 19h41
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Israel comemorou ter feito "história" e os palestinos criticaram o que chamaram de "traição" nesta quinta-feira, após o anúncio surpresa de um acordo para normalizar as relações entre o Estado judaico e os Emirados Árabes Unidos. 

Prédio governamental em Tel Aviv iluminado com as cores das bandeiras de Israel e dos Emirados Árabes Unidos após anúncio do acordo entre os dois países
13/08/2020
REUTERS/Ammar Awad
Prédio governamental em Tel Aviv iluminado com as cores das bandeiras de Israel e dos Emirados Árabes Unidos após anúncio do acordo entre os dois países 13/08/2020 REUTERS/Ammar Awad
Foto: Reuters

Em um pronunciamento televisionado para todo o país, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o acordo iria levar à "paz total e formal" com o Estado do Golfo Árabe e expressou esperanças de que outros países na região seguissem o exemplo dos Emirados. 

Netanyahu disse ainda que o pacto também implica na adesão a um pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para "esperar temporariamente" para implementar a promessa do líder israelense de anexar partes da Cisjordânia ocupada. 

"É um momento incomparavelmente empolgante, um momento histórico para a paz no Oriente Médio", disse Netanyahu.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, cujo gabinete parece ter sido pego de surpresa, emitiu uma crítica rara e forte a um de seus vizinhos árabes e instruiu o embaixador palestino nos Emirados Árabes a retornar imediatamente.

"A liderança palestina rejeita e denuncia o anúncio trilateral e surpreendente dos Emirados Árabes Unidos, Israel e dos Estados Unidos", disse  o porta-voz de Abbas Nabil Abu Rudeineh em Ramalá, na Cisjordânia Ocupada. 

Ao ler um comunicado na televisão palestina, Abu Rudeineh afirmou que a liderança considerava a ação dos Emirados uma "traição". 

A nota pede que a Liga Árabe e a Organização de Cooperação Islâmica se reúnam para "rejeitar" o acordo, acrescentando que "nem Emirados Árabes nem qualquer outra parte envolvida tem o direito de falar em nome do povo palestino".

O acordo fornece um feito diplomático para Netanyahu semanas após críticas em seu país por conta da condução da pandemia do coronavírus e da economia, mas também enfureceu colonos israelenses de direita que querem a anexação da Cisjordânia.

Netanyahu disse que embora tenha prometido aplicar a soberania israelense a algumas áreas, incluindo assentamentos judaicos no território que é defendido pelos palestinos para a formação de um futuro Estado, ele havia deixado claro que primeiramente precisaria de um sinal verde de Washington.

"Ele nos enganou. Ele enganou meio milhão de residentes da área e centenas de milhares de eleitores", disse David Elhayani, diretor do Conselho Yesha de colonos. 

A palavra "normalização" foi muito usada, embora tenha conotações diferentes de cada lado. 

Para Israel e para a Casa Branca, o termo significa uma reconciliação com um importante agente na região do Golfo, da qual Israel há muito está isolado, fora dois tratados de paz com os vizinhos Egito e Jordânia.

Mas para muitos palestinos e árabes em outros países, a palavra tem conotações majoritariamente negativas.

Em Gaza, o porta-voz do Hamas Fawzi Barhoum disse à Reuters: "Normalização é uma facada nas costas da causa Palestina, e serve apenas à ocupação israelense."

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