Impulsionado por crises, mercado global de cocaína bateu os próprios recordes
A produção, as apreensões e o consumo de cocaína atingiram seus maiores picos em 2023, impulsionados por um crime organizado fortalecido pelas crises, segundo o relatório anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), divulgado nesta quinta-feira (26). Segundo o documento, a cocaína é o mercado de drogas ilícitas que mais cresce no mundo, com destaque para a expansão de mercados de drogas, antes concentrada na América Latina, para a Ásia e a África, e também para a Europa Ocidental.
A produção, as apreensões e o consumo de cocaína atingiram seus maiores picos em 2023, impulsionados por um crime organizado fortalecido pelas crises, segundo o relatório anual do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), divulgado nesta quinta-feira (26). Segundo o documento, a cocaína é o mercado de drogas ilícitas que mais cresce no mundo, com destaque para a expansão de mercados de drogas, antes concentrada na América Latina, para a Ásia e a África, e também para a Europa Ocidental.
"A cocaína é o mercado de drogas ilícitas que mais cresce no mundo", afirma o órgão, sediado em Viena, Áustria, em comunicado. A produção aumentou quase 34% em um ano, impulsionada pela expansão das plantações ilegais de coca na Colômbia. As apreensões cresceram 68% no período de 2019 a 2023, e o número de usuários passou de 17 milhões para 25 milhões em dez anos, detalha o UNODC.
Apesar disso, em termos de renda global, a cannabis ainda é droga a mais lucrativa, fornecendo 39% dos lucros. Segundo os dados, a cocaína chega a 37% e a heroína 17%. Na União Europeia, o narcotráfico movimentou € 31 bilhões em 2021, equivalente a 0.3% do PIB.
A UNODC destaca que traficantes estão expandindo seus mercados para a Ásia e a África, e a violência — antes concentrada na América Latina —, agora também atinge a Europa Ocidental. O relatório menciona "centenas de bilhões de dólares movimentados a cada ano".
"A cocaína se tornou uma droga da moda entre os setores mais abastados da sociedade", declarou Angela Me, pesquisadora-chefe do UNODC, destacando um "círculo vicioso" de aumento simultâneo no consumo e na produção.
As apreensões de estimulantes do tipo anfetamina também atingiram níveis recordes, representando quase metade de todas as apreensões de drogas sintéticas, seguidas pelos opioides, incluindo o fentanil.
"Uma nova era de instabilidade global fortaleceu o poder do crime organizado e elevou o consumo a níveis historicamente altos", lamenta o UNODC.
Crises que favorecem o tráfico
O relatório também aborda o caso da droga sintética captagon, cujo tráfico específico foi posto em xeque após a queda de Bashar al-Assad na Síria, no início de dezembro. O regime de Assad, que havia transformado o país em um narcoestado, era conhecido por produzir essa anfetamina derivada de um medicamento originalmente destinado ao tratamento da narcolepsia e do transtorno de déficit de atenção.
As novas autoridades sírias descobriram grandes estoques de captagon em depósitos e antigas instalações militares, além de terem fechado todas as fábricas conhecidas.
No entanto, essas ações ainda não parecem ter afetado o abastecimento, segundo a ONU: as apreensões mais recentes indicam que a droga "continua a circular em grande quantidade, especialmente em direção aos países da Península Arábica, o que sugere a liberação de estoques acumulados anteriormente ou a continuidade da produção em outros locais".
Aumento do consumo e da produção
Em 2023, 6% da população mundial entre 15 e 64 anos consumiu drogas, contra 5,2% em 2013, sendo a cannabis a substância mais consumida.
De acordo com a organização, a produção, impulsionada pelo aumento da área de cultivo ilícito de coca na Colômbia, "aumentou quase 34%" em um ano, as apreensões "aumentaram 68% entre 2019 e 2023" e o número de usuários "aumentou de 17 para 25 milhões em dez anos", afirmou o UNODC.
O documento salienta que os traficantes estão penetrando em novos mercados na Ásia e na África, e a violência, "antes confinada à América Latina", agora está se espalhando "para a Europa Ocidental".