Número alarmante de pedidos de asilo no Reino Unido aumenta polêmica sobre alojamento de requerentes
O Ministério do Interior britânico divulgou nesta quinta-feira (21) dados impressionantes: mais de 111.000 pessoas solicitaram asilo no Reino Unido nos últimos 12 meses. O número representa um recorde, segundo as informações do governo.
O Ministério do Interior britânico divulgou nesta quinta-feira (21) dados impressionantes: mais de 111.000 pessoas solicitaram asilo no Reino Unido nos últimos 12 meses. O número representa um recorde, segundo as informações do governo.
A divulgação desses dados ocorre quando o governo trabalhista de Keir Starmer enfrenta um crescente descontentamento de autoridades locais e moradores, que são contrários à hospedagem de dezenas de milhares desses requerentes de asilo em hotéis.
O estudo divulgado pelo governo mostra que 111.084 pessoas solicitaram asilo entre junho de 2024 e junho de 2025. Este é o maior número em 12 meses desde que esses registros começaram a ser feitos, em 2001. O número mais recente é quase o dobro do registrado em 2023. Naquele ano, foram identificados 56.000 pedidos de asilo.
No final de junho, 32.059 estrangeiros que solicitaram asilo estavam hospedados em hotéis.
Esse número representa um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior, embora ligeiramente abaixo do registrado em março. Por outro lado, os dados de junho de 2025 têm uma queda acentuada em comparação ao recorde de 56.042 estabelecido no final de setembro de 2023.
Ações anti-imigração
O líder do partido Reform UK, Nigel Farage, favorito nas pesquisas e que defende políticas anti-imigração, esbravejou num artigo publicado na edição de terça-feira do Daily Telegraph. "Já chega", escreveu Farage.
O político fez um pedido aos britânicos:
"Organizem protestos pacíficos em frente aos hotéis que abrigam imigrantes e que pressionem os conselhos locais a buscarem ações legais para removê-los desses estabelecimentos."
Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Houve manifestações tensas nas últimas semanas em frente a vários hotéis que abrigam imigrantes, inclusive no distrito financeiro de Canary Wharf, em Londres, onde a polícia prendeu seis pessoas no último domingo.
Decisão judicial expulsa imigrantes de hotel
Nigel Farage alertou que as dezenas de municipalidades administradas por seu partido seguiriam o exemplo do município de Epping.
Na última terça-feira, o Tribunal Superior ordenou que o Bell Hotel, em Epping, cidade localizada a 27 quilômetros a nordeste de Londres, suspendesse temporariamente o alojamento de cerca de 100 requerentes de asilo. A decisão veio após vários protestos anti-imigração organizados nas últimas semanas.
A Justiça decretou que os imigrantes têm até 12 de setembro para desocupar o hotel.
Moradora de Epping, Carol Jones, de 64 anos, disse estar aliviada com a decisão judicial, mas questionou se seria implementada de forma adequada. Os imigrantes "nunca deveriam ter vindo para cá, mas para onde irão agora?", questionou a aposentada.
Governo busca alternativas
O Ministério do Interior se limitou a dizer que uma decisão dessas prejudicaria seriamente a capacidade do Estado de fornecer acomodação a requerentes de asilo em todo o Reino Unido. De acordo com a Lei de Imigração e Asilo, em vigor desde 1999, o governo britânico tem a obrigação de fornecer acomodação aos requerentes de asilo enquanto seus casos não forem concluídos.
Atualmente, mais de 200 hotéis hospedam requerentes de asilo às custas do contribuinte britânico.
O governo britânico recorre a hotéis como solução temporária porque há falta de infraestrutura adequada para abrigar tantas pessoas.
Porém, a prática de alojar imigrantes em hotéis tem gerado críticas dos britânicos, que apontam a elevação substancial de custos. Há sugestões de bases militares e embarcações para abrigar os requerentes de asilo.
Líder do Partido Conservador, Kemi Badenoch anunciou nesta quinta-feira que seu partido apoiaria qualquer autoridade local que recorresse à Justiça para fechar hotéis que abrigam imigrantes.
O primeiro-ministro Keir Starmer, do Partido Trabalhista, prometeu reprimir a imigração em massa. O premiê estipulou uma data para acabar com o uso desse tipo de acomodação para requerentes de asilo: 2029.
Recentemente, o Reino Unido anunciou sanções para o tráfico de imigrantes.
Desde que Starmer assumiu o cargo, em julho de 2024, mais de 50.000 migrantes chegaram à costa inglesa em pequenos barcos improvisados.
O diretor do Conselho de Refugiados, Enver Solomon, suplicou ao governo que "faça parcerias com os conselhos locais para fornecer moradia segura e acessível, em vez de hotéis. A única maneira de acabar com esta prática é processar os pedidos de asilo com rapidez e precisão, para que as pessoas possam reconstruir suas vidas aqui ou retornar para casa com dignidade".
(Com AFP)