Blaise Metreweli se torna a primeira mulher à frente do serviço de inteligência externa britânico
Blaise Metreweli foi nomeada chefe do MI6, o serviço de inteligência do Reino Unido, tornando-se assim a primeira mulher a ocupar o cargo, anunciou neste domingo (15) o governo britânico, que considerou a nomeação "histórica".
Até então, o MI6 havia sido liderado exclusivamente por homens. Metreweli, que atualmente dirige a seção "Q" — responsável por tecnologia e inovação dentro do serviço —, sucederá Richard Moore, que deixará o cargo no segundo semestre deste ano. O diretor do MI6 é o único membro da organização que tem o nome divulgado publicamente. O serviço está subordinado ao Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido. "Estou orgulhosa e honrada por ter sido convidada a liderar meu setor", declarou Metreweli, segundo o comunicado oficial. Ela disse estar "entusiasmada" para continuar trabalhando ao lado dos "corajosos agentes" do MI6. "O papel dos serviços de inteligência nunca foi tão crucial", afirmou o primeiro-ministro Keir Starmer. O ministro britânico das Relações Exteriores, David Lammy, acrescentou que, diante da instabilidade global e das crescentes ameaças à segurança, "Blaise garantirá que o Reino Unido esteja preparado para enfrentar esses desafios e proteger o país". "Com ela, nossa segurança nacional está em boas mãos", disse. Já o ex-diretor do MI6, Alex Younger, elogiou na BBC uma mulher "incrivelmente experiente". Cargos de liderança Nascida em uma família originária do leste Europeu — Metreweli deriva do sobrenome georgiano Metreveli —, a futura chefe do MI6 é formada em antropologia pelo Pembroke College, em Cambridge, segundo informações biográficas divulgadas pelo governo. No local, ela integrou a equipe de remo que venceu a tradicional regata contra a Universidade de Oxford em 1997, conforme o perfil oficial da competição The Boat Race na rede X (antigo Twitter). Blaise Metreweli ingressou no MI6 em 1999 como agente de campo e construiu a maior parte de sua carreira no exterior, com passagens pela Europa e pelo Oriente Médio. Segundo a imprensa britânica, ela também fala árabe. Ela ainda passou pelo MI5, o serviço de inteligência interna, onde ocupou um cargo de diretora, segundo o governo, que não forneceu mais detalhes. De acordo com o Financial Times, ela liderou a divisão responsável por ameaças de Estados como Rússia, China e Irã. "Em boas mãos" Sua nomeação ocorre no momento em que o governo de Starmer, do Partido Trabalhista, deve apresentar, até o fim do ano, um projeto de lei sobre cibersegurança. O Financial Times a entrevistou em 2022 para uma reportagem sobre mulheres espiãs. Na ocasião, ela deu sua opinião utilizando um pseudônimo para incentivar outras mulheres a ingressarem na inteligência. Blaise se descreveu como uma "geek" e contou que sempre quis ser espiã. Disse que cresceu no exterior, que desde jovem se divertia aprendendo técnicas de criptografia e que teve ao menos um filho enquanto servia fora do Reino Unido. Segundo ela, no mundo predominantemente masculino do setor da inteligência, as mulheres possuem habilidades valiosas. "Como agente, você precisa fazer milhares de cálculos baseados em risco, mas não sabe exatamente como reagir emocionalmente. Não há um código de conduta", afirmou. "As mulheres são melhores em navegar nessas zonas cinzentas." (Com informações da AFP)