Terrorismo na Chechênia: do separatismo ao elemento islâmico
A divulgação da origem chechena dos dois principais suspeitos do atentado na maratona de Boston trouxe de volta ao noticiário o histórico recente do terrorismo ligado à região da encruzilhada entre Rússia, Europa e Oriente Médio. Em suas páginas de redes sociais na internet, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev compartilhavam materiais ligados à profissão da fé islâmica e à política chechena, dois elementos-chave do terrorismo checheno, mas ainda não há indícios seguros de que sejam reais militantes de alguma destas causas.
A Chechênia é uma região pertencente à Rússia. Oficialmente denominada República da Chechênia, engloba um povo e uma área localizada no Cáucaso e é marcada por movimentos separatistas que remontam ao Império Russo, há cerca de 200 anos. Nela vivem os chechenos, grupo étnico de maioria muçulmana do qual emergiram movimentos separatistas em insurgência contra o poder centralizado de Moscou. Muitos não concordam com o grau da ingerência moscovita e desejam, em diferentes graus, uma maior autonomia política.
Foi de alguns desses movimentos separatistas que se originaram grupos terroristas, isto é: grupos cuja ação não busca a concretização de seus objetivos por meio de fins políticos, democráticos e pacíficos, mas através de atos de violência contra a população civil. A atividade cresceu particularmente depois do colapso da União Soviética no final do século XX, espelhando outras muitas repúblicas soviéticas que alcançaram sua independência política.
As negociações entre os líderes chechenos e russos atingiram diferentes níveis de acordo e profundidade, mas, após o acordo de cessar-fogo assinado com o presidente russo Bóris Yeltsin em 1996, a violência recrudesceu. Em parte refletindo a nova natureza do terrorismo do século XXI, aliou-se ao componente étnico-político (separatista) o componente religioso-ideológico (islâmico), tornando ainda mais complexo e delicado a busca pela paz na região.
Mais de dez grandes ataques foram perpetrados na última década por grupos originados na Chechênia ou motivados pelos conflitos ali reinantes. Entre os mais conhecidos estão a tomada do Teatro de Moscou em outubro de 2002, quando mais de 120 reféns morreram, e o ataque à escola de Beslan, que deixou mais de 300 mortes. Um dos mais proeminentes líderes do terrorismo checheno foi Shamil Basayev, morto em 2006. Há também indícios de ligações de grupos com a rede árabe Al-Qaeda.
Com informações do Council on Foreign Relations.