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Deputados democratas fazem carta contra Bolsonaro

No texto, os democratas dizem que é "extremamente problemático" ver presidente americano fazer elogios ao brasileiro

23 mar 2019 - 15h28
(atualizado às 15h28)
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Cinco deputados democratas da bancada progressista escreveram uma carta com críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao americano Donald Trump, por ter recebido o brasileiro com "tapete vermelho" na Casa Branca na última terça-feira. No texto, os democratas dizem que é "extremamente problemático" ver Trump fazer elogios ao Bolsonaro. "Bolsonaro tem um longo histórico de discurso homofóbico, misógino e racista, já elogiou a tortura e expressou admiração pela ditadura militar brasileira", escrevem os parlamentares.

Presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca, em Washington, Estados Unidos
Presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca, em Washington, Estados Unidos
Foto: Kevin Lamarque / Reuters

"No momento em que o extremismo de direita está em alta ao redor do mundo, os Estados Unidos precisam se levantar pelos valores universais como tolerância e respeito pelos direitos humanos. Em vez de estender o tapete vermelho para Bolsonaro, os EUA precisam pedir que o presidente brasileiro respeite os direitos humanos de todos os brasileiros e os compromissos do País na proteção ambiental e dos direitos indígenas", escrevem os parlamentares.

A carta é assinada pelos deputados Mark Pocan, Pramila Jayapal, Ro Khanna, Ilhan Omar e Raúl M. Grijalva. Os parlamentares comparam Bolsonaro com o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, ao dizer que o brasileiro tem defendido uma política de "atirar para matar" das polícias brasileiras. "O governo dele está apoiando agora uma iniciativa que deve enfraquecer ainda mais a prestação de contas no caso de assassinatos cometidos por policiais, o que atinge de forma desproporcional os jovens negros", escrevem os deputados.

Durante a viagem aos Estados Unidos, Bolsonaro tentou desfazer a imagem descrita pelos democratas nesta carta e em boa parte das publicações estrangeiras durante toda a campanha eleitoral. Em um encontro com empresários, por exemplo, Bolsonaro fez uma piada sobre o "amor à primeira vista" pelo ministro Paulo Guedes e emendou "eu não sou homofóbico, não".

Na carta, os cinco deputados democratas citam o assassinato da vereadora Marielle Franco e a renúncia do ex-deputado federal Jean Wyllys em meio a ameaças. "Houve um aumento na violência e ameaças contra grupos minoritários desde a vitória de Bolsonaro", argumentam os deputados. "Bolsonaro e seus filhos parecem manter relações com milícias no Rio de Janeiro, incluindo os responsáveis pelo assassinato da proeminente defensora dos direitos humanos, gay e negra, Marielle Franco", escrevem os deputados.

Nos EUA, Bolsonaro deu uma entrevista à emissora de TV Fox News, na qual foi questionado sobre o assassinato de Marielle. Ele minimizou o fato de o policial militar reformado Ronnie Lessa, preso sob suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora, possuir casa no mesmo condomínio que ele no Rio de Janeiro. "A mídia que sempre me criticou quer estabelecer uma conexão, mas nunca o vi no meu condomínio", afirmou. Ele disse ainda que só conheceu o nome de Marielle depois do assassinato da vereadora, e voltou a falar sobre o atentado a faca que sofreu durante a campanha eleitoral.

Essa não é a primeira carta escrita por deputados democratas contra Bolsonaro. Em janeiro, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Eliot L. Engel, com outros cinco congressistas americanos, enviou uma carta ao secretário de Estado, Mike Pompeo, para que o país se oponha a medidas adotadas pelo presidente brasileiro. Na carta, os parlamentarem argumentaram que durante os primeiros dias de governo, Bolsonaro "tomou uma série de ações" que miram grupos marginalizados, como LGBT, indígenas e negros."Ficou imediatamente claro que declarações passadas preocupantes do presidente Bolsonaro sobre direitos humanos não estão mais restritas a retórica", escrevem os parlamentares.

Antes da eleição de Bolsonaro, deputados progressistas também assinaram uma carta a Pompeo em que deputados democratas pediam que o governo se posicionasse de forma clara contra o que consideram "posições inaceitáveis" do então candidato. O grupo de deputados democratas considerados progressistas já organizaram outras cartas, como a que criticou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Estadão
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