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Chile: profissionais do sexo atendem online durante pandemia

6 mai 2020 - 13h40
(atualizado às 14h49)
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Camila Hormazaba se prepara para iniciar um encontro erótico online com um cliente
07/04/2020
REUTERS/Juan Gonzalez
Camila Hormazaba se prepara para iniciar um encontro erótico online com um cliente 07/04/2020 REUTERS/Juan Gonzalez
Foto: Reuters

Quando o clube noturno do sul do Chile, no qual procurava clientes, foi fechado pelas autoridades devido à disseminação do novo coronavírus, a profissional do sexo Camila Hormazabal ficou sem acesso à sua única fonte de renda.

A mulher de 24 anos, de muitas tatuagens, encontrava clientela no bar do centro de Concepción há quatro anos e ganhava o equivalente a cerca de 715 dólares por mês. Da noite para o dia, sua renda desapareceu.

Sem maneira de pagar as contas, Camila recorreu a vídeochamadas feitas em seu quarto de apartamento e pediu aos clientes fixos que a encontrassem virtualmente.

"As chamadas rendem alguma coisa, obviamente não é o mesmo e o dinheiro não é nem o que teria sido em um dia ruim antes, mas é alguma coisa", disse ela à Reuters por telefone.

Camila é um dos milhares de profissionais do sexo de todo o mundo que ficaram em situação precária depois que a própria intimidade que define seu trabalho foi impedida pelas medidas de distanciamento social.

De Cingapura à Alemanha e ao México, os profissionais do sexo ficaram sem renda - e muitas vezes sem lar.

No Chile, mais de três quartos dos cerca de 60 mil profissionais do sexo são autônomos e tem ao menos um dependente, disse a Margin Foundation, que lhes oferece apoio social, legal e emocional.

Tendo uma necessidade urgente de substituir os rendimentos perdidos, muito recorreram a serviços online, oferecendo vídeochamadas, fotos e vídeos eróticos aos clientes.

Prostitutas mais velhas que não eram tecnologicamente capacitadas foram treinadas por uma geração mais jovem de mulheres majoritariamente de classe média que pagam a universidade vendendo sexo pela internet, de acordo com a Margin Foundation.

"Nós as chamamos de 'as virtuais', e algumas conseguem ganhar muito dinheiro", disse Herminda Gonzalez Inostroza, ex-dançarina de clube noturno de 59 anos que hoje atua como porta-voz da fundação.

"Elas estão ensinando outras por WhatsApp como se envolver nisso, como encontrar clientes, como criar uma conta para cobrar de cartões de crédito, como lidar com uma câmera."

"Para as mulheres acima de 45 anos não é fácil, mas sempre se pode aprender."

O Relax Chile, site que oferece tanto conteúdo adulto quanto um local de encontro para prostitutas e clientes, disse que quase todas suas contas substituíram ofertas de contato físico por entretenimento digital.

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