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Bebês prematuros morrem após colapso do hospital de Al Shifa: 'Não sei quanto tempo os outros podem sobreviver'

Falta de eletricidade interrompeu o funcionamento de incubadoras e equipamentos do centro médico de Gaza, que está sob cerco israelense

13 nov 2023 - 14h30
(atualizado às 14h32)
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Bebês prematuros lutam para sobreviver em condições precárias no hospital de Al Shifa
Bebês prematuros lutam para sobreviver em condições precárias no hospital de Al Shifa
Foto: Reuters

Ao menos três bebês prematuros já morreram desde que o combustível e a eletricidade do maior hospital da Faixa de Gaza, o hospital de Al Shifa, chegou ao fim. Sem energia elétrica, equipamentos e incubadoras deixaram de funcionar elevando a tragédia humanitária no território palestino no 38º dia do conflito entre Israel e Hamas.  

“Ontem tínhamos 39 bebês e hoje são 36”, disse o Dr. Mohamed Tabasha, chefe do departamento pediátrico de Al Shifa, em entrevista por telefone à Reuters, nesta segunda-feira, 13. 

"Não posso dizer quanto tempo eles podem sobreviver. Posso perder mais dois bebês hoje ou em uma hora. Nunca na minha vida esperei colocar 39 bebés lado a lado numa cama, cada um com uma doença diferente, e nesta aguda escassez de pessoal médico, de leite”, desabafou. 

'Você os mata lentamente'

Pequenos e sem imunidade, os bebês sentem muito frio. Muitos contraíram gastrite e sofrem com diarreia e vómitos, o que representava um risco agudo de desidratação, já que não há como esterilizar o leite e as mamadeiras de acordo com o padrão exigido. 

Dr. Ahmed El Mokhallalati, também envolvido no cuidado dos bebês, descreveu as condições como mortais. "Eles estão em uma situação muito ruim, onde você os mata lentamente, a menos que alguém interfira para ajustar ou melhorar sua situação. São casos muito críticos, onde é preciso ter muita sensibilidade para lidar com eles. É preciso cuidar de cada um deles de uma forma muito especial", explicou.

Para manter os bebês seguros, o hospital precisa de ao menos: eletricidade para fazer funcionar as incubadoras; um esterilizador adequado para o leite e as mamadeiras, remédios e máquinas de apoio caso algum deles tivesse insuficiência respiratória. Nenhum dos itens está disponível no Al Shifa. 

Tabasha disse que a situação era angustiante para os médicos e enfermeiras responsáveis pelos bebês. “Estamos exaustos emocional e fisicamente”, afirmou. 

Sitiados por Israel

Nesta segunda-feira, 12, tanques israelenses assumiram posições nos portões do hospital. Pelo menos 650 pacientes ainda estavam no local aguardando para serem evacuados para outro centro médico pela Cruz Vermelha ou alguma outra agência neutra.

"Os tanques estão em frente ao hospital. Estamos sob-bloqueio total. É uma área totalmente civil. Apenas instalações hospitalares, pacientes do hospital, médicos e outros civis permanecem no hospital. Alguém deveria parar com isso", disse um cirurgião do hospital. Dr. Ahmed El Mokhallalati, disse por telefone.

"Eles bombardearam os tanques (de água), bombardearam os poços de água, bombardearam a bomba de oxigênio também. Bombardearam tudo no hospital. Portanto, estamos sobrevivendo com muita dificuldade. Dizemos a todos que o hospital não é mais um lugar seguro para o tratamento de pacientes" concluiu. 

  • Desde 7 de outubro, mais de 11 mil palestinos morreram, sendo 4.600 crianças, e mais de 27 mil ficaram feridos. Do lado israelense, 1200 pessoas morreram, a grande maioria nos ataques de 7 de outubro, 5.600 ficaram feridas e mais de 200 foram raptadas pelo Hamas;
  • Mais de 45% das residências de Gaza foram totalmente ou parcialmente destruídas. Além disso, mais de 1.5 milhão de palestinos foram deslocados de suas casas, do norte para o sul de Gaza. 

Entenda o colapso no hospital de Al Shifa

  • O hospital de Al Shifa é o maior centro médico da Faixa de Gaza; 
  • Ele fica na Cidade de Gaza, norte do território palestino, onde a incursão terrestre israelense está concentrada;
  • Desde sábado, 11 de novembro, o hospital está sem eletricidade e combustível. Além disso, também há falta de água potável, saneamento básico comprometido, falta de alimentos, medicamentos e de equipamento básicos para atender os mais de 1.200 pacientes, além de palestinos abrigados local;
  • Israel diz que o hospital Al Shifa fica no topo de túneis que abrigam um quartel-general para combatentes do Hamas, que usariam os pacientes como escudos humanos, o que o Hamas nega;
  • O hospital de Al Shifa está sitiado por tanques israelitas que combatem combatentes do Hamas; os arredores do centro médico foram destruídos por bombas, relatos de médicos que trabalham no local acusam também Israel de atacar deliberadamente o hospital;
  • O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al-Qidra, disse que 32 pacientes morreram nos últimos três dias, incluindo três bebês recém-nascidos, como resultado do cerco ao hospital e da falta de energia.
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Fonte: Redação Terra
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