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Apuração na Bolívia dá vitória a Evo, mas OEA quer auditoria

Ministros bolivianos dizem que não houve fraude e rejeitam esperar resultado de análise da apuração

24 out 2019 - 22h20
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O presidente Evo Morales venceu as eleições bolivianas no primeiro turno, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com 99,97% dos votos apurados, Evo tinha 47,07% e o opositor Carlos Mesa, 36,51%. Em reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) nesta quinta-feira, 24, em Washington, o ministro da Justiça da Bolívia, Hector Arce Zaconeta, lembrou que a Constituição prevê um vencedor se ele tiver votação acima dos 40% e 10 pontos porcentuais a mais que o segundo colocado.

"As regras foram cumpridas e vamos levar adiante o resultado", afirmou Zaconeta. "Na Bolívia, não existe a possibilidade de fraude ou manipulação." Zaconeta e o chanceler boliviano, Diego Pary, reiteraram o convite para que a OEA realize uma auditoria da eleição, mas disseram que a Bolívia não esperaria a conclusão da análise para anunciar o resultado.

Presidente da Bolívia, Evo Morales, durante entrevista coletiva em La Paz
24/10/2019
REUTERS/David Mercado
Presidente da Bolívia, Evo Morales, durante entrevista coletiva em La Paz 24/10/2019 REUTERS/David Mercado
Foto: Reuters

Um dia antes, a missão de observadores da OEA informou ao Conselho Permanente que vários princípios que regem uma eleição democrática foram violados e, diante da margem apertada indicada pelas urnas, a melhor opção seria realizar um segundo turno.

A apuração caótica da eleição presidencial boliviana, com interrupção temporária e atrasos na divulgação dos resultados preliminares, provocou suspeitas de fraude e manifestações violentas nas principais cidades da Bolívia. Evo afirmou que há uma tentativa de "golpe de Estado para prejudicar o país".

As críticas da oposição tiveram como base o primeiro resultado da contagem rápida, que indicava um segundo turno entre Evo e Mesa. A confusão começou quando o TSE interrompeu a contagem dos votos sem explicação. Após 24 horas, a apuração foi retomada e Evo aparecia à frente com a vantagem necessária para encerrar a disputa no primeiro turno.

O secretário-geral da OEA, Luís Almagro, cobrou que o governo boliviano aguarde o resultado da auditoria para anunciar o vencedor da eleição e voltou a afirmar que a missão de observadores vislumbra a realização de segundo turno como a "saída mais democrática".

Em um "chamado para evitar o confronto", Almagro disse que a Bolívia não deveria considerar os resultados apurados como legítimos até que se encerre a análise que será feita pela organização.

Como resposta, os ministros de Evo repetiram que o resultado do TSE será o proclamado. "Não está em jogo a aplicação do texto constitucional, que estabelece o procedimento para realização de segundo turno. Isso não pode estar em discussão", afirmou o ministro da Justiça.

O chanceler boliviano, Diego Pary, disse o sistema "garante a transparência". "Não temos nada a esconder. Colocamos à disposição de quem quiser verificar a contagem oficial de votos", afirmou o chanceler. Os representantes do governo boliviano afirmaram ainda que as acusações de que houve fraude na eleição são "inconcebíveis" e que não há "uma só prova" de como seria o mecanismo de fraude.

Horas antes da OEA se reunir em Washington, Evo anunciou no Twitter que defenderia "o resultado da eleição". "Se o resultado diz que há segundo turno, iremos. Se a apuração diz que não há segundo turno, também vamos respeitar", escreveu.

Pela manhã, antes do fim da apuração de resultados, Evo Morales anunciou que havia vencido as eleições gerais no primeiro turno.

Nesta quinta-feira, Brasil, Argentina, Colômbia e EUA propuseram a realização de um segundo turno, caso a OEA não consiga verificar os resultados do primeiro turno. O governo americano ameaçou a Bolívia com "sérias consequências" se houver irregularidades nas eleições. "Se não respeitarem o resultado das urnas, haverá sérias consequências em suas relações com a região", disse o subsecretário de Estado para a América Latina, Michael Kozak.

Durante a sessão desta quinta-feira, o embaixador do Brasil na OEA, Fernando Simas, afirmou que a avaliação do País se mantém "invariável". " Permanecem preocupações e incertezas com a integridade do processo eleitoral. Nesse contexto, a credibilidade da autoridade eleitoral boliviana foi fortemente abalada", afirmou Simas, que criticou o que chamou de "insinuações" de que a OEA esteja realizando uma interferência indevida no processo eleitoral boliviano.

O Brasil também se declarou a favor de que a Bolívia espere a auditoria realizada para anunciar o resultado da eleição. "Parece-nos essencial que todos os atores do processo político-eleitoral assumam publicamente o compromisso de que reconhecerão os resultados da auditoria da OEA, como medida para diminuir as controvérsias. Antes disso, revela-se incongruente pretender validar ou proclamar resultados definitivos", afirmou Simas.

Ao lado de Estados Unidos, Canadá e Venezuela - representada na OEA por diplomatas de Juan Guaidó, que faz oposição a Nicolás Maduro - o Brasil tem assumido protagonismo nas discussões sobre o processo eleitoral na Bolívia. Foram as delegações dos quatro países que convocaram a sessão do Conselho Permanente da organização, na última quarta-feira, para discutir a situação da Bolívia.

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