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América Latina

EUA dizem que desconfiança precisa ser superada na restauração de laços com Cuba

22 jan 2015 - 19h35
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Os Estados Unidos e Cuba se aproximaram do restabelecimento das relações diplomáticas nesta quinta-feira com históricas negociações de alto nível, mas os norte-americanos ressaltaram que ambos os lados precisam superar mais de 50 anos de desconfianças para poder normalizarem as viagens e o comércio.

Secretária-assistente de Estado dos EUA, Roberta Jacobson, durante entrevista coletiva em Havana. 22/01/2015
Secretária-assistente de Estado dos EUA, Roberta Jacobson, durante entrevista coletiva em Havana. 22/01/2015
Foto: Stringer / Reuters

As conversas foram as primeiras desde que o presidente dos EUA, Barack Obama, e o presidente cubano, Raúl Castro, anunciaram, em 17 de dezembro, que iriam trabalhar para restaurar os laços diplomáticos, rompidos por Washington em 1961, dois anos após o irmão de Raúl, Fidel, ter assumido o poder e começado a implementar um governo comunista.

A secretária de Estado assistente dos EUA, Roberta Jacobson, líder da comitiva norte-americana, disse que o restabelecimento dos laços diplomáticos e a abertura de embaixadas em Havana e Washington não eram “excessivamente difíceis”, mas que ambos os lados tinham profundas diferenças a respeito de outras questões, tais como o histórico de Cuba em relação aos direitos humanos.

“Nós temos... que superar mais de 50 anos de uma relação que não esteve baseada na confiança ou fé, então há coisas que precisamos discutir antes que possamos estabelecer um relacionamento, e então novas conversas existirão no futuro”, disse Jacobson a jornalistas.

Entre os principais desentendimentos está o extenso embargo comercial dos EUA contra Cuba. Obama afrouxou algumas partes do embargo e pediu ao Congresso controlado pelos republicanos que dê início à retirada total da medida.

Cuba também disse aos norte-americanos desejar sua retirada da lista mantida pelos EUA de Estados que patrocinam o terrorismo, antes do restabelecimento dos laços diplomáticos.

A respeito de conversas sobre imigração na quarta-feira, Cuba deplorou as políticas dos EUA que garante a cubanos refúgio seguro e proteções especiais negadas a outras nacionalidades, enquanto os norte-americanos prometeram manter a chamada Lei de Ajustamento Cubano.

A delegação cubana foi liderada por Josefina Vidal, diretora de assuntos sobre os EUA no Ministério das Relações Exteriores de Cuba, que fez uma rara visita à residência oficial dos EUA em Havana para um jantar de trabalho, na véspera das negociações.

Vidal disse que as discussões ocorreram em um “clima respeitoso, profissional e construtivo”, e que ambos os lados concordaram em se reunir novamente em uma data ainda não definida. Ela alertou, no entanto, que Havana não toleraria qualquer interferência em seus assuntos internos.

“Esse processo é sobre o estabelecimento de relações civilizadas entre dois países com profundas diferenças”, disse Vidal.

Em um sinal de discórdia, Vidal contradisse a afirmação de Jacobson de que os dois lados debateram sobre direitos humanos nesta quinta-feira.

Jacobson disse a jornalistas: “Eu discuti essa questão hoje, foi parte da minha conversa”. Minutos depois, após a saída dos norte-americanos da sala de imprensa, Vidal insistiu em negar.

“Esse tópico não foi abordado... Não discutimos esse tópico”, afirmou Vidal.

(Reportagem de Lesley Wroughton, Daniel Trotta e Rosa Tania Valdés)

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