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Alemão ou italiano? A briga de idiomas no norte da Itália

Bolzano tem 75% da população falando alemão

16 ago 2019 - 09h56
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Associações culturais alemãs da província autônoma de Bolzano, também chamada de Alto Ádige, Bozen ou Tirol do Sul, no extremo norte da Itália, fizeram um protesto nesta sexta-feira (16) para o reconhecimento oficial dos nomes em alemão na região.

    Os "Schutzen" cobriram 600 placas e sinalizações da província com uma faixa com a inscrição "deutsch nicht amtlich seit 97 Jahren" ("não oficial há 97 anos", na tradução livre). A faixa foi colocada em placas que já estavam em alemão, justamente para ressaltar que cerca de 75% dos moradores de Alto Adige falam alemão diariamente, mas não há uma lei para regulamentar a questão toponomástica.

    A província autônoma de Bolzano/ Bozen tem o bilinguismo tutelado por lei, que oficializa escolas de italiano e alemão, além de permitir que cada morador escolha o idioma preferido para se comunicar em repartições públicas.

    No entanto, a nomenclatura de lugares não é regulamentada.

    Depois da anexação do Alto Ádige, da Áustria, pela Itália no fim da Primeira Guerra Mundial, o fascismo aboliu a toponomástica em alemão. Já depois da Segunda Guerra Mundial, a toponomástica alemã foi retomada, mas sem uma lei que a reconhecesse oficialmente e em meio a uma divisão cultural marcante. O partido do governo local, o Südtiroler Volkspartei, que representa os interesses do grupo linguístico alemão, chegou a aprovar em 2012 uma norma que oficializada os termos em alemão, mas declinando o uso dos nomes em italiano. Com o risco de que o nome de locais famosos, como a "Vetta d'Italia" (Glockenkarkopf), desaparecessem dos livros de geografia, a norma foi derrubada no último dia 13 de abril pela Corte Constituição. O protesto dos "Schutzen" acontece hoje devido ao aniversário de Ettore Tonomei. Nascido em 16 de agosto de 1865 e desaparecido em maio de 1952, ele é o autor do prontuário de topônimos de Alto Ádige e considerado um dos expoentes do irredentismo italiano. "Nesta ferida aberta da nossa história, as associações de turismo e as empresas jogam sal usando a obra de Tolomei e outras invenções pseudo-italianas", disse, em nota, o líder da associação Schutzen, Jurge Wirth Anderlan.

    O protesto, porém, foi criticado pelo conselheiro regional de Alto Ádige, Alessandro Urzi. "Trata-se de uma provocação gravíssima. Os Schutzen querem passar ao público a ideia de que a comunidade alemão é a pobre vítima que não tem sua toponomástica oficial, além de apontar o dedo contra os italianos do Alto Ádige, que, por sua vez, têm o direito de usar a própria língua em sua casa. Nós somos a favor da plena atuação do bilinguismo, sem favorecer nem uma parte nem outra", disse.

Ansa - Brasil   
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