Intolerância religiosa: Quem é o padre processado após fala sobre Preta Gil?
Religioso questionou o "poder dos orixás" durante missa em Campina Grande, na Paraíba, em tom de deboche, ao falar sobre a morte da artista
O padre paraibano Danilo César de Sousa Bezerra, de 31 anos, está sendo investigado pela Polícia Civil após ser denunciado por intolerância religiosa. O caso ocorreu durante uma missa no município de Areial, no Agreste da Paraíba, quando o pároco utilizou a morte da cantora Preta Gil para desdenhar de religiões de matriz africana. Três boletins de ocorrência foram registrados contra o sacerdote.
Em um vídeo que ganhou grande repercussão nas redes sociais, o padre citou o falecimento da cantora, que morreu em 20 de julho, vítima de câncer colorretal. Em sua fala, o padre questionou a eficácia das orações:
"Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil?Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?" questionou o padre durante a celebração.
Em seguida, ele falou diretamente aos fiéis que estavam na Igreja de Areial para pararem de procurar essas "coisas ocultas" e que "o diabo os levasse". A pregação era para os católicos que fazem pedidos para entidades de outras religiões. O vídeo foi tirado do ar após a repercussão negativa.
A trajetória do padre e o posicionamento da diocese
O padre Danilo César é natural de Monteiro, no Cariri da Paraíba. Ele ingressou no seminário em 2011, em Campina Grande, e foi ordenado padre em setembro de 2019, em sua cidade natal. Assumiu a Paróquia de São José, em Areial, em janeiro de 2021.
Em nota oficial emitida na quarta-feira (30), a diocese informou que o sacerdote, por meio de sua assessoria jurídica, prestará todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes que investigam o caso.
A diocese também aproveitou para reiterar seu compromisso institucional com os princípios democráticos e de respeito à diversidade religiosa:
"[...] os direitos constitucionais da liberdade de crença e de culto, da igualdade e não discriminação religiosa, do direito à honra e à imagem dos mortos e do princípio da dignidade da pessoa humana," destacou a nota.