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Guilherme Mazieiro

Plano para matar Lula, Alckmin e Moraes foi aprovado por Braga Netto, diz PF

Segundo a PF, as provas demonstram que o grupo investigado "já atuava prevendo o cenário posterior à consumação do Golpe de Estado.

26 nov 2024 - 17h00
(atualizado às 17h55)
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O ex-ministro da Defesa e Casa Civil, general Braga Netto.
O ex-ministro da Defesa e Casa Civil, general Braga Netto.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A investigação sobre tentativa de golpe de Estado da Polícia Federal (PF) identificou que o plano para assassinar a chapa eleita - Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) - e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, foi apresentado e aprovado pelo general Braga Netto (PL).

O militar da reserva atuou como minsitro da Defesa e da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro (PL) e concorreu como candidato a vice-presidente.

A PF concluiu que o plano operacional para matar Lula, Alckmin e Moraes foi coordenado pelo general Mario Fernandes e debatido na casa de Braga Netto, que ao final do encontro deu seu aval para a realização da ação.

"O núcleo de militares com formação em forças especiais do Exército, os denominados 'FE', realizaram um encontro no dia 12 de novembro de 2022, na residência do general BRAGA NETTO, para apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário. A reunião contou com o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, o Major Rafael de Oliveira e o Tenente-Coronel Ferreira Lima, oportunidade em que o planejamento foi apresentado e aprovado pelo General Braga Netto". - trecho do relatório da PF

Segundo a PF, as provas demonstram que o grupo investigado "já atuava prevendo o cenário posterior à consumação do Golpe de Estado, vislumbrando um ambiente de crise decorrente da abolição do Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, planejaram a criação de um Gabinete vinculado à Presidência da República, que seria composto em sua maioria por militares e alguns civis, liderados pelo general Augusto Heleno, bem como pelo general Braga Netto."

O plano para matar Lula, Alckmin e Moraes foi revelado pela Polícia Federal na semana passada durante operação que prendeu militares e um policial federal envolvidos no caso. Após a divulgação daquela operação, Braga Netto disse que "nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém. Agora parte da imprensa surge com essa tese fantasiosa e absurda de 'golpe dentro do golpe'".

Bolsonaro e mais 36 indiciados

O relatório da PF foi tornado público nesta terça, 26, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e enviado à procuradoria-geral da República. Caberá ao PGR, Paulo Gonet, decidir se, a partir da investigação da PF, oferecerá uma denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado.

Entre os indiciados estão Bolsonaro, os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além de integrantes das Forças Armadas e do governo do ex-presidente.

A PF indiciou os acusados pelos crimes de:

  • associação criminosa;
  • violência política;
  • abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • e golpe de Estado.

Apesar de derrubar o sigilo, Moraes preferiu manter a confidencialidade sobre a delação premiada do coronel Mauro Barbosa Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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