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'Plebiscitos e referendos populares são um aprimoramento da democracia'

Em evento promovido por 'Estado' e Faap, candidato Alvaro Dias, Podemos, defende a participação direta da população para 'refundar' a República

27 ago 2018 - 22h51
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Primeiro entrevistado da série Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenciáveis nas eleições 2018, o candidato Alvaro Dias (Podemos) defendeu nesta segunda-feira, 27, o modelo de democracia direta baseado em referendos populares e plebiscitos para a definição de determinados temas. "Acho que é um aprimoramento do sistema democrático que não pode ser desperdiçado", disse ele.

Durante o evento, Dias reafirmou a meta de criar 10 milhões de empregos em quatro anos, propôs a venda de subsidiárias da Petrobrás e afirmou que o País deveria se recusar a fazer negócios com "ditaduras sanguinárias", citando como exemplo a Venezuela. A seguir, os principais assuntos abordados pelo candidato - que na mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo aparece com 3% das intenções de voto (no cenário sem Lula):

DEMOCRACIA DIRETA

Afirmou que pretende romper com o atual modelo de "toma lá, dá cá" entre Executivo e Legislativo. Nesse contexto, Dias disse defende o modelo de democracia direta baseado em referendos populares e plebiscitos. "Sou também cidadão italiano e voto sempre em plebiscitos da Itália, por meio de envelopes. Os Estados Unidos também realizam sempre. Acho que é um aprimoramento do sistema democrático que não pode ser desperdiçado", disse ele. O instrumento, acrescentou, poderia ser utilizado para consultar a população diante de uma proposta de reforma constitucional. "Daria maior legitimidade à proposta de refundação da República." Dias citou, especificamente, a discussão sobre o aborto.

DROGAS E ABORTO ?

O candidato afirmou ser "frontalmente contrário" à legalização das drogas porque, segundo ele, estimularia o consumo. Sobre o aborto, disse que esse não é um tema para o presidente, mas defendeu a atual legislação (que permite o aborto em três situações: quando a gravidez é resultado de estupro, quando há risco de vida para mulher e se o feto for anencéfalo). Em seguida, disse que, caso haja uma "rebelião feminina no País", o plebiscito seria o caminho para a alteração da legislação.

INDICAÇÕES POLÍTICAS

O candidato se comprometeu a vetar indicações políticas para chefias de ministérios e estatais. Com discurso contrário ao presidencialismo de coalizão, afirmou que não aceita fazer parte do que classificou como "Arca de Noé", numa referência aos partidos que formam o Centrão. Ao fim da sabatina, afirmou que o Noé dessa arca seria o tucano Geraldo Alckmin, que tem o apoio do grupo nas eleições.

LAVA JATO

A Operação Lava Jato, na sua avaliação, é o "grande cabo eleitoral do desenvolvimento econômico do País". A partir do combate à corrupção, o Brasil poderá mostrar ao mundo, segundo Dias, que "voltou a ser sério", recuperando os investimentos "expulsos pela corrupção e incompetência" e gerando emprego e renda.

SÉRGIO MORO

Dias reafirmou o convite ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato de Curitiba, para assumir o Ministério da Justiça em um eventual governo seu. "Fiz esse convite porque posso fazer. Os outros (candidatos) certamente não podem. O Moro é o símbolo de uma nova Justiça que o povo brasileiro deseja."

REFORMA TRABALHISTA

O candidato explicou por que defendeu a reforma trabalhista. "Defendi a reforma trabalhista porque não podia compactuar com uma legislação atrasada. O aprimoramento da legislação teria de ser focado no interesse do trabalhador e do empresário, estabelecendo uma relação civilizada entre capital e trabalho."

EMPREGOS

Sem detalhar a meta de criar 10 milhões de empregos em quatro anos, disse que o ajuste fiscal e o aumento dos investimentos são fundamentais para isso. Ele considera 10 milhões um número ainda modesto e que está sendo prudente. Citou a necessidade de uma reforma tributária e a desburocratização de processos, reduzindo o tempo para a abertura de empresas.

PREVIDÊNCIA

Defendeu a adoção de um sistema de capitalização para a Previdência, com a criação de contas individualizadas para cada cidadão. Disse que esse "fundão", formado por recursos das contribuições previdenciárias e dos ativos das empresas estatais, seria gerido por 19 conselheiros indicados pelo setor privado.

PETROBRÁS

Sua proposta é privatizar subsidiárias da Petrobrás. "Se fôssemos privatizar a Petrobrás, como alguns querem, estaríamos privatizando na bacia das almas. E ela continuaria estatal, falando chinês. A privatização da Petrobrás é nas suas subsidiárias."

SEGURANÇA PÚBLICA

Para o candidato, a intervenção militar no Rio de Janeiro "é a confissão de impotência, resultado da incompetência de gestão e da ausência de autoridade". Ele afirmou que não basta ter um ministério para a área, mas uma política ampliada baseada no fechamento e militarização das fronteiras do País.

VENEZUELA

Eleito, afirmou que se recusaria a estabelecer qualquer negócio com "ditaduras sanguinárias", citando a Venezuela. Mas disse que não fecharia a fronteira com o vizinho, já que o movimento migratório atual é uma questão humanitária. Ele disse ainda que o governo federal não pode transferir à Roraima toda a responsabilidade pela administração da situação.

DIREITA-ESQUERDA

Afirmou que tem dificuldades em dividir o mundo político entre direita e esquerda - e acredita que o eleitor também não faça essa separação. "Se eu tenho dificuldade de carimbar meus concorrentes ideologicamente, imaginem o eleitor, que está mais distante, que não os conhece de perto como eu os conheço."

ASSISTA A ÍNTEGRA DA SABATINA COM ALVARO DIAS

Estadão
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