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Isolado no Ceará, PSDB acusa PT de 'usar máquina pública' contra candidatura de general

Candidato petista no Estado deve se reeleger ainda no primeiro turno; Tasso Jereissati indicou general tucano de última hora como opção do partido

5 out 2018 - 18h53
(atualizado às 19h14)
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FORTALEZA - Marcando apenas um dígito nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PSDB ao governo do Ceará nas eleições 2018, general Guilherme Theophilo, caminha para o fim de sua campanha com uma possibilidade real de ver o governador Camilo Santana (PT), seu principal adversário, se reeleger ainda no primeiro turno. Pinçado por ter um perfil militar, o mesmo do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o general responsabiliza o uso da máquina do Estado, por parte do PT, para explicar sua dificuldade em repetir o desempenho do candidato do PSL no Estado.

A última pesquisa Ibope no Ceará, divulgada em 24 de setembro, mostra que Guilherme Theophilo tem apenas 7% da preferência do eleitorado contra 69% de Camilo Santana. O desempenho revela que o candidato tucano não conseguiu aproveitar a onda gerada por Bolsonaro, em torno da candidatura de militares. No Estado, o presidenciável do PSL é a terceira maior força, com 15% das intenções de voto, ficando atrás de Fernando Haddad (PT), que tem 21%, e Ciro Gomes (PDT), cuja carreira se desenvolveu no Estado, e registra 39% da preferência.

Padrinho político do general, o senador e ex-governador do Estado Tasso Jereissati sai em defesa do seu pupilo quando questionado sobre uma explicação para esse quadro. "É uma campanha heroica. Estamos enfrentando todas as prefeituras praticamente, estamos enfrentando a maioria dos vereadores. Às vezes, a gente enfrenta a prefeitura e a oposição à prefeitura. A máquina do governo federal e a máquina do governo estadual se juntaram. Se juntaram para que não houvesse nenhuma modificação no poder. O esquema é que eles se juntaram foi para que não houvesse mudança na eleição praticamente", disse.

As justificativas de Tasso fazem referência à coligação do PT, formada por 16 partidos, enquanto que o PSDB fez aliança apenas com o PROS. O senador tucano ainda coloca nessa conta o governo federal, de Michel Temer (MDB), máquina federal por trás da estrutura do senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que concorre à reeleição. Apesar de não estarem coligados, MDB e PT têm um acordo informal para se apoiarem e chegaram a dividir o palanque no Estado. Por isso, Tasso costuma repetir que seu partido enfrenta "o governo federal" e "estadual".

"Nós (PSDB) praticamente sozinhos e ele (Theophilo) teve a coragem e o altruísmo de enfrentar isso. Na maioria dos lugares, nós não temos nenhum vereador porque foram todos cooptados", afirmou Jereissati, durante atividade de campanha na quarta-feira, 3. O que o senador tucano não tem falado é que a candidatura de Theophilo surgiu depois que Tasso começou a ser pressionado pela direção do PSDB Nacional para se candidatar ao governo do Ceará, mais uma vez. Ele resistiu e, como alternativa, apresentou o general, nome praticamente desconhecido dentro do partido. Daí a dificuldade do candidato militar nas pesquisas.

Guilherme Theophilo teve pouco mais de 45 dias para tentar ficar conhecido no Estado. Nos bastidores, os tucanos admitem que o pouco tempo também foi razão fundamental para impedir o crescimento expressivo da candidatura. Ainda assim, o partido acredita que o general poderá atingir, pelo menos, a casa dos dois dígitos de votos quando as urnas forem checadas no domingo.

"Nossa expectativa é que até o domingo nós possamos mostrar nas urnas o que o cearense quer no segundo turno: discutir mais a fundo o futuro do Ceará", disse o general à reportagem do Broadcast Político. "Enfrentamos um sistema político de uma aliança de 24 partidos que, com certeza, custará um preço muito alto aos cearenses no futuro, tendo em vista que isso mostra a perspectiva de ter um Estado totalmente rateado por partidos políticos", complementou.

Na prática, a campanha no Ceará mostrou que ter "o DNA" de Bolsonaro não era o único fator necessário para um resultado significativo. Tendo como mote principal a segurança - em razão da crise gerada pela disputa entre facções criminosas no Estado -, a campanha de Theophilo usou como slogan os dizeres "bota moral, general". Ele também procurou se autorreferenciar como 'outsider' desde o início. Ainda assim, o que mais marcou sua semelhança com Bolsonaro foi outro assunto: o golpe militar de 1964. Durante a campanha, Guilherme Theophilo chamou o episódio de "contragolpe".

Estadão
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