PUBLICIDADE

SP: projeto de robótica incentiva pesquisa científica em escola

Alunos são convidados a construir robôs que cumpram missões em curto espaço de tempo

27 mar 2013 - 13h28
(atualizado às 14h25)
Compartilhar
Exibir comentários
Equipe do GEETec do Colégio Dante Alighieri, que participa da etapa final do First Lego League; à esquerda, Vitor Martes Sternlicht, responsável pela programação
Equipe do GEETec do Colégio Dante Alighieri, que participa da etapa final do First Lego League; à esquerda, Vitor Martes Sternlicht, responsável pela programação
Foto: Divulgação

Sozinho em casa, um idoso tropeça em um objeto no chão. Surge uma pergunta na tela de seu celular: "Parece que você caiu. Está tudo bem?". Apenas com um toque, ele pode dizer que sim e, nesse caso, o aparelho envia uma mensagem de aviso para até cinco contatos cadastrados previamente. O mesmo acontece caso não haja resposta em 30 segundos. Essa é a função do Free Walker, aplicativo para Android desenvolvido por um grupo de alunos do Colégio Dante Alighieri, de São Paulo. Os integrantes do Grupo de Estudos Experimentais em Tecnologia (GEETec) foram finalistas da etapa nacional da First Lego League (FLL) Brasil, que ocorreu em fevereiro. A iniciativa tem o objetivo de incentivar a entrada de jovens no universo da ciência e da tecnologia ainda dentro do ambiente escolar.

Iniciativas de apoio à pesquisa começam a fazer parte do currículo de crianças desde muito cedo. No caso do Dante, por exemplo, alunos interessados têm acesso a oficinas de robótica desde os oito anos. Neste ano, a FLL tem o mote Senior Solutions, busca propostas para melhorar a qualidade de vida na terceira idade. Os alunos são convidados a construir robôs que cumpram missões em curto espaço de tempo - tirar objetos do caminho é uma das tarefas -, além de desenvolver soluções para um problema a partir da execução de um projeto de pesquisa. Teoria e prática caminham juntas do início ao fim da iniciativa. Todo o trabalho é desenvolvido por uma equipe de alunos, sob supervisão de professores orientadores. Depois de visitar um lar de idosos, o grupo de São Paulo passou a pesquisar maneiras de ajudar idosos em caso de queda. Daí, surgiu o Free Walker.

A equipe se divide em três, de acordo com as habilidades de cada aluno. Alguns se dedicam à construção do robô, outros participam da execução do aplicativo e um terceiro grupo foca na parte de pesquisa. Quem não tem habilidade em montagem ou programação também é aceito - o objetivo, afinal de contas, é desenvolver pesquisadores. "Tem aqueles que gostam de ler, escrever... trabalhamos muito a questão do grupo, da criatividade. No início, os alunos fazem robôs com sucata e desenvolvem a capacidade de encontrar soluções com um material sem a flexibilidade do Lego", explica a coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional do colégio, Valdenice Minatel. Em 2012, a escola tinha 130 alunos inscritos no três níveis da projeto, além do GEETec, com alunos do ensino médio.

A coordenadora destaca o método utilizado no Dante - de investigação, não apenas de observação. "Desde muito cedo o aluno já tem essa base de pesquisa, pois faz diários de bordo e relatórios", diz. A oficina ocorre no contraturno, uma vez por semana, durante duas horas. É do trabalho de dentro do laboratório que saem competidores de mostras nacionais e internacionais. A professora afirma que alunos que participam de projetos voltados à pesquisa são mais engajados. "Eles são tocados pela questão do aprendizado. Esses jovens sempre querem mais, sempre acham que podem melhorar", diz. Ela destaca que as qualidades ficam evidentes também em outras áreas. "Eles leem mais, questionam mais. Têm um autodidatismo que vai ajudar para a vida toda", acrescenta. A coordenadora garante que estudantes têm estímulo para ir além daquilo que é proposto nos laboratórios do Dante. No caso de Vitor Martes Sternlicht, responsável pela programação do aplicativo, o desafio foi aceito. "No nível que ele chegou na área da programação, às vezes temos que buscar apoio e parcerias fora da escola", conta.

Aluno de 14 anos desenvolve robô para resgate em tragédias

Aos 14 anos, o estudante do 1º ano do ensino médio apresentou em Houston, nos Estados Unidos, um projeto de mapeamento robótico, cuja ideia é criar um robô que seria utilizado no resgate de vítimas de desabamentos e incêndios, no qual trabalha há dois anos. Ele faz parte da equipe de robótica desde os oito anos. "Desde pequeno me interesso por informática. Há dois anos, aprendi a trabalhar com programação. Depois disso, comecei a me dedicar e aprendi várias linguagens sozinho", diz. Vitor afirma estar preocupado em realizar um trabalho voltado à sociedade. "O importante é poder direcionar o trabalho para ajudar outras pessoas. A competição acaba surgindo, mas nós queremos encontrar boas soluções", enfatiza. Hoje, também se dedica à iniciativa Cientista Aprendiz, em que trabalha com projetos de energia sustentável.

O professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Cleyton Gontijo ressalta a importância do incentivo a jovens pesquisadores. "Todo processo de iniciação científica é extremamente saudável para o desenvolvimento do aluno. O gosto pela pesquisa surge muito cedo, e quanto antes forem estimulados experimentos ou pesquisas sociais, melhor", diz. O especialista alerta para o tipo de atividade que é desenvolvida, que deve ser própria para a idade do aluno: pesquisa em maior profundidade para os mais velhos, pequenas ações para os menores. Observar fenômenos naturais pode ser uma boa forma de dar o pontapé inicial.

A professora do Dante destaca a força que a pesquisa na educação básica exerce sobre a sociedade. "Existe uma carência muito grande de ciência nos primeiros anos de escola. Mas fica muito mais interessante aprender nessa condição. A escola acaba cumprindo uma função social. Ela olha para a sociedade, vê um problema e se mobiliza para ajudar. Às vezes, pode ser uma solução primária, mas que desencadeia outras possibilidades. O feijão no algodão é o início de uma série de etapas para que ele beneficie a si mesmo e a sociedade", afirma.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade