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Das telas às páginas: o impacto das redes sociais da 27° Bienal do Livro em SP

Evento espera contar com 600 mil visitantes e é a maior edição da Bienal desde sua inauguração; Mídias sociais afetaram o público e o que ele consome

12 set 2024 - 14h14
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Entre 6 e 15 de setembro, no Distrito do Anhembi, acontece a 27° edição da Bienal do Livro em São Paulo. Com cerca de 75 mil metros quadrados, o evento conta com 227 expositores e espera receber, até o último dia, cerca de 600 mil visitantes.

Até o momento, três dias tiveram os ingressos esgotados na Bienal do Livro
Até o momento, três dias tiveram os ingressos esgotados na Bienal do Livro
Foto: Perfil Brasil / Perfil Brasil

São três milhões e meio de livros em exposição, com temáticas e estilos de escrita variados, atendendo gostos de todos os públicos. Mas uma coisa é fato: as redes sociais influenciaram a organização do festival, que ocorre desde 1970. Ao circular pelos corredores, é possível perceber a densa presença de um público mais jovem, que frequenta as editoras e grupos que montaram a sessão "Queridinhos do TikTok".

Andrea Josses, gerente de marketing da Faro Editorial e expositora na Bienal há 15 anos, contou que sentiu uma forte diferença no público e na organização do evento após a pandemia, quando a leitura se popularizou nas mídias. "A gente já sentiu um impacto na Bienal de 2022, aqui em São Paulo, que foi a primeira edição com ingressos esgotados. Mas essa, foi a primeira vez que tivemos três datas esgotadas. A gente percebeu que o aumento de público foi surreal", comentou em entrevista à Perfil Brasil.

Em uma pesquisa realizada pela Nielsen BookScan, uma empresa que produz dados para a indústria editorial de livros, demonstrou que, entre janeiro e setembro de 2021, foram vendidos 36 milhões de exemplares de livros, um aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020.

Já o levantamento feito pelo Ipec, as redes sociais tiveram papel importante neste crescimento. 73% dos entrevistados informam que leram mais durante a pandemia e 60% deles confiou em influenciadores digitais para escolher o conteúdo. "Hoje, a pessoa já chega na Bienal sabendo o que ela quer, muitas vezes mostra para gente print de algum vídeo da internet do livro que ela procura. As redes sociais são fundamentais para que as pessoas conheçam os livros que elas querem", afirmou Josses.

Bienal do Livro: As redes sociais e o consumo

Como mencionado pela gerente de marketing, o público da Bienal já chega ao evento com uma lista de livros que buscam, diversas vezes, retirada de recomendações nas mídias. "Por conta das redes, vim buscar os livros da saga da Rainha Vermelha, por exemplo", afirmou o estudante Mateus Luís, que visitava o evento pelo segundo dia.

Luís frequenta a Bienal desde criança e comentou que viu uma mudança no público que vai ao evento. "Principalmente do último ano para esse, eu vejo que mudou bastante, tendo muito mais jovens e que estavam muito mais empolgados em estar aqui". O estudante ainda acrescentou que amigos e conhecidos comentaram mais sobre o evento e livros específicos que viram circulando nas redes.

Apenas no TikTok, a hashtag "BookTok" - usada para falar de livros - tem mais de 36,7 bilhões de visualizações. A Galera Record faz parte do Grupo Editoral Record e atualmente traz metade do lucro total do grupo. Isso acontece justamente, segundo a empresa, por eles publicarem, principalmente, livros juvenis que fazem sucesso no TikTok.

"As redes sociais mudaram a forma que a gente pensa em trazer o estande da editora. Não basta só ter os livros, tem que ser bonito e atraente para os jovens que estão tão familiarizados com o mundo on-line", afirmou Andrea Josses.

O impacto na cadeia produtiva do livro

Além do impacto nos leitores, as redes sociais também têm o poder de influenciar os escritores, editores e as agências. "Foi muito impactante passar a estar nas redes. O meu primeiro livro foi escrito a partir de um processo muito pessoal e individual, lá em 2018. Depois que eu passei a me envolver nas redes, conhecer, comecei a trocar muito com outros escritores e meus próprios leitores", disse Fabio L. Shadow, escritor da saga "O Príncipe Pardo e os Reinos Perdidos".

Ele comentou que faz uso do Instagram, Facebook, Youtube e Wattpad, uma plataforma focada em divulgação de livros originais, e que, através destas redes, entrou em contato com pessoas que o influenciaram profundamente. "Esse contato impactou a minha escrita por uma colaboratividade; você vai fazendo e a pessoa vai te dando feedback e isso vai mexendo no seu texto", explicou.

Em 2022, a editora executiva da Galera Record inclusive afirmou que, se um escritor não consegue explicar o livro em 60 segundos, nem compra mais os direitos.

"Como sou independente, não tenho editora, as redes se tornaram minha única forma de divulgar, minha única fonte", comentou Shadow.

Perfil Brasil
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