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Brasileiro ensina músicas em português para crianças nos EUA e encanta as redes sociais: 'Aulas são muito populares'

Liel Vini mora há 10 anos em Atlanta; ele viralizou ao mostrar os 'miniqueridos' cantando Caetano Veloso, Iza, Cássia Eller e mais

3 abr 2025 - 04h59
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Liel Vini é educador musical e mora há 10 anos em Atlanta; ele viralizou ao mostrar os 'miniqueridos' cantando Caetano Veloso, Iza, Cássia Eller e mais
Liel Vini é educador musical e mora há 10 anos em Atlanta; ele viralizou ao mostrar os 'miniqueridos' cantando Caetano Veloso, Iza, Cássia Eller e mais
Foto: Reprodução/Instagram/@liel.vini

"Cai, cai, balão, cai, cai, balão. Aqui na minha mão. Não cai não, não cai não, não cai não. Cai na rua do sabão". Lembra dessa cantiga popular? Agora, imagina ouvir essa música sendo cantada com o sotaque de crianças norte-americanas? Vira uma explosão de fofura e encantamento! E é exatamente isso que os vídeos compartilhados pelo educador musical, o brasileiro Liel Vini, 30 anos, causam nas redes sociais.

O paulista, que também é cantor e compositor, mora atualmente em Atlanta, nos Estados Unidos, e viralizou recentemente ao mostrar a rotina de aulas ensinando crianças estadunidenses a cantarem e tocarem músicas e cantigas populares brasileiras em português. 

Algumas canções que já entraram para o repertório dos pequenos são: Boi da Cara Preta; Borboletinha; Asa Branca, de Luiz Gonzaga; O Leãozinho, de Caetano Veloso; Oração, da Banda Mais Bonita da Cidade, Velha Infância, dos Tribalistas; e Palavras ao Vento, de Cássia Eller.

"As crianças se divertem. As minhas aulas são muito populares. O que eu mostro na internet é o canto. Só que a gente dança, a gente toca xilofone, teclado, bateria, tambores, ukulele. É muita coisa que a gente faz o ano inteiro", afirma o educador musical em entrevista ao Terra.

Mas como tudo isso começou?

Liel Vini é natural de São Paulo, mas se mudou com a família quando tinha apenas 6 anos para Uberlândia, em Minas Gerais. "Foi onde a música nasceu na minha vida", conta.

"Eu cresci numa família cristã e, por causa disso, tinha muita música envolvida. Meu pai tocava na igreja, minha avó era pastora e cantava. A influência já estava ali. Eu cantava desde que eu era bem pequeno", relembra Liel. "E, com 7 anos, teve um dia que eu estava cantando na igreja e um professor de música chegou até os meus pais, disse que achava que eu tinha potencial e queria oferecer uma bolsa de estudos para eu aprender música."

E, desde então, Liel Vini nunca mais parou. No Ensino Superior, também começou a cursar Educação Musical em uma faculdade em Bauru, no interior de São Paulo, mas depois conseguiu pela própria instituição de ensino uma bolsa de estudos de seis meses para o mesmo curso na Georgia State University, nos Estados Unidos, em 2014. 

"Eu sempre tive o sonho de morar fora. Eu não esperava que fosse os EUA, na verdade nem considerava, por causa da dificuldade de chegar até o país. Mas eu decidi tentar e passei", diz.

No entanto, a bolsa só cobria os custos com a universidade, e ele precisava de dinheiro para a hospedagem, comida, transporte, entre outros gastos. Foi aí que Liel teve a ideia de enviar e-mails pedindo ajuda para comunidades de igrejas que tinham brasileiros. Uma igreja retornou positivamente e ele embarcou para essa jornada.

Educador nos EUA

Já morando nos Estados Unidos, o paulista ganhou uma nova bolsa da universidade norte-americana para concluir todos os anos de estudos na área. Ele decidiu ficar e se formar por lá.

"Foram quatro anos aprendendo a teoria daqui [dos EUA], a educação daqui e tudo mais. Quando eu estava chegando no finalzinho, assim como no Brasil, a gente tinha que fazer estágio. E eu estava tendo problemas com a língua ainda. Tinha uma escola perto da minha casa, um dia eu passei lá, falei que era imigrante e queria aprender o inglês e me voluntariei para ajudar o professor de música, e eles aceitaram", recorda.

Quase no fim do estágio, Liel foi efetivado como professor e ficou na escola por três anos. Hoje, ele trabalha em uma outra escola particular, que é onde grava os vídeos divulgados nas redes sociais. Na atual, ele leciona há quatro anos.

Como são as aulas com os "miniqueridos"

A Educação Musical faz parte do currículo escolar nos Estados Unidos. Liel Vini dá aulas de música em uma escola regular, que tem alunos do ensino primário até o ensino médio. Hoje, o seu trabalho é com alunos do primário até a quarta série, ou seja, com crianças que têm entre 5 e 10 anos. 

"O meu trabalho é preparar as crianças para, quando elas chegarem na quinta série, elas conseguirem entrar na orquestra ou banda sinfônica e no coral, que é mandatório. Eu preciso deixá-las prontas para o próximo passo", diz o professor.

Segundo Liel, no momento, não há nenhuma criança brasileira nas turmas em que leciona nessa escola. Nos vídeos em seu perfil do Instagram, ele apelidou os estudantes de "miniqueridos". 

O educador explica que faz parte do seu cronograma de aulas ensinar o folclore estadunidense para as crianças. Mas, desde que ainda estava na faculdade, percebeu que os pequenos têm interesse por outros idiomas. Foi assim que passou a incluir nas aulas as músicas da cultura brasileira, mas também de outros países.

"Eu gosto de valorizar as músicas, as culturas que são representadas na sala. Se eu tiver um aluno latino, por exemplo, a gente vai aprender música em espanhol também", conta. "Em um ano, a gente passa por muitos países."

De acordo com Liel, só no ano passado, as crianças aprenderam em torno de 60 músicas. Além das brasileiras, o professor já compartilhou vídeos dos "miniqueridos" cantando Bruno Mars, Lady Gaga, RBD, Imagine Dragons e até a música tema do Dragon Ball GT em Japonês. 

A escolha das músicas brasileiras

Nas aulas que são "gerais", ou seja, para todos os alunos, Liel explica que inclui no planejamento as músicas do folclore brasileiro. "Para que as crianças entendam que o folclore não é uma coisa só dos Estados Unidos. Acontece no mundo inteiro. Então, quando eu ensinava Cai Cai Balão, por exemplo, a gente aprende sobre a Festa Junina. Quando era Boi da Cara Preta, a gente aprende sobre outro festival. Foi assim que eu escolhi as músicas."

Já nas aulas extras de canto que a escola oferece, Vini passou a inserir canções mais complexas. "Eu comecei a puxar os limites deles um pouquinho", afirma. Para o professor, a parte mais difícil da aula é manter a atenção dos "miniqueridos". Para isso, ele divide a aula em várias partes. 

"Na mesma aula, eles vão cantar, se mover, tocar instrumento, aprender teoria musical", detalha. Para aprender uma música, desde que não seja muito extensa, leva cerca de quatro aulas. 

Os desafios do processo

Conforme Liel, é desafiador para as crianças aprenderem músicas em outros idiomas, principalmente em português, mas passar confiança para eles faz toda a diferença nesse processo.

"Existem sons em português que não existem no inglês e eles não conseguem reproduzir. Para tudo isso funcionar, eu lembro eles que aquele idioma não é a língua deles, que não vão falar como nativo e que ninguém vai rir. É essa confiança. Saber que eles podem repetir o som sem serem ridicularizados, que está ficando bonitinho, melhorando. Eles tentam sem ter medo de errar, abre muito espaço para a criatividade."

O professor afirma que fica emocionado ao ver as crianças começando com essa dinâmica musical tão cedo e ressalta a importância de introduzir a música na vida dos pequenos.

"Em tempos em que a depressão, a ansiedade tem crescido tanto na nossa cultura, a música é um escape, é uma forma de se expressar, de pensar, de relaxar. Acho muito importante e necessário, não só a música, quanto várias outras manifestações artísticas. Mas a música, para mim, em si, é a minha linguagem."

Fonte: Redação Terra
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