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Análise: Future-se é potencialmente interessante, mas ainda não está maduro

A curto prazo, consolidar e aperfeiçoar as atuais fundações de apoio das universidades federais seria uma solução ao nosso ver bem mais simples do que criar novas organizações sociais

27 set 2019 - 12h11
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O programa Future-se (proposto pelo MEC para incentivar a captação de verba privada pelas universidades federais) indica que se trata de um encaminhamento potencialmente interessante, mas que precisa ser mais amadurecido. Necessária se faz, especificamente, uma revisão completa dos problemas relacionados às sistemáticas de compras e obras necessárias das instituições de ensino superior, hoje feitas de forma obsoleta, de qualidade discutível e implementadas por funcionários muitas vezes não preparados para essa importante atividade da qual depende a competitividade das instituições.

Todos os processos de formação de recursos humanos, sejam eles na graduação como na pós-graduação das universidades, precisam ser revistos incorporando os recursos da tecnologia da informação moderna e aprendizagem a distância. Mais amplamente, embora seja uma questão controversa, é importante reabrir a questão da gratuidade inclusive para estudantes brasileiros (a cobrança de mensalidade não está entre as previsões feitas pelo Future-se).

Tendo vista das dimensões do Brasil, o que impõe que cada instituição de ensino deva ser analisada individualmente em colaboração com o MEC, nos quesitos recursos humanos, infraestrutura e sua localização para a criação do plano estratégico para que seus objetivos na área do ensino, pesquisa e extensão possam ser definidos claramente. A curto prazo, consolidar e aperfeiçoar as atuais fundações de apoio das universidades federais seria uma solução ao nosso ver bem mais simples do que criar novas organizações sociais (a contratação de professores via OSs está entre as propostas do MEC para o programa).

Nada se diz no projeto da carreira docente e de sua gestão, embora este ponto seja crítico em uma reforma universitária. A estabilidade, o regime de trabalho, critérios de promoção deveriam ser provavelmente revistos, com a introdução de avaliações baseadas nos portfólios e desempenho dos professores (uma das propostas do MEC é fixar metas de desempenho para os docentes).

*HÉLIO DIAS É PROFESSOR SÊNIOR DO INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) E PRESIDENTE DO INSTITUTO PARA VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DA PESQUISA NO ESTADO DE SÃO PAULO (IVEPESP)

Estadão
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