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Daniel Haidar

PF investiga como arte sacra foi parar em coleção de banqueiro no Rio

Pouco antes de leilão, polícia apreendeu peça roubada de igreja na Baixada Fluminense

3 mar 2023 - 08h00
(atualizado às 22h03)
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Imagem de querubim, produzida no século 18: peça foi achada em acervo de banqueiro do Rio
Imagem de querubim, produzida no século 18: peça foi achada em acervo de banqueiro do Rio
Foto: Divulgação

A Polícia Federal investiga como uma obra de arte sacra acabou na mansão do banqueiro Jorge Brando Barbosa (1919-2002), hoje sede do Instituto Brando Barbosa, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro.

A peça é uma imagem de querubim, produzida no século 18 como adorno de um altar da Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Iria à leilão no dia 15 de fevereiro às 19h.

Só que a venda foi cancelada porque a Diocese de Duque de Caxias reconheceu a obra de arte e acionou a Polícia Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Depois de comunicada, a PF apreendeu a peça para que seja periciada. Se confirmada a origem, será devolvida à igreja.

Quem achou o querubim à venda foi a historiadora de arte Elaine Gusmão, integrante da Comissão de Bens Culturais e Artes Sacras da Diocese de Duque de Caxias.

A obra de arte foi enviada para leilão com outros itens do acervo do Instituto Brando Barbosa, criado pela viúva do banqueiro, Odaléa Brando Barbosa (1927-2019). O casal era considerado dono da maior coleção de arte sacra do Brasil, com cerca de 6 mil peças, e relatou em vida que comprou esses objetos em antiquários, fazendas e igrejas do interior do Brasil.

A polícia deve agora tentar identificar como essa obra de arte acabou no acervo do casal. O Iphan trata como propriedade estatal o patrimônio da Igreja Católica que foi produzido até a Proclamação da República em 1889.

A coluna teve acesso a uma nota técnica na qual o Iphan afirma que o querubim "é o mesmo que adornava" a igreja de Duque de Caxias. Essa análise foi concluída na segunda-feira, 27.

Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias
Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias
Foto: Elaine Gusmão

Esse reconhecimento só foi possível porque no processo de tombamento foram feitas fotografias que permitiram mapear o patrimônio roubado. Construída no século 18 com recursos da coroa portuguesa e de doadores privados, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar é tombada desde 1938 pelo Iphan.

A Diocese de Duque de Caxias tenta recuperar parte dos objetos roubados da igreja. Outras peças também foram achados com colecionadores privados nos últimos anos.

Fonte: Coluna do Daniel Haidar Daniel Haidar é jornalista. Foi editor da GloboNews, do JOTA e do Metrópoles. Trabalhou como repórter investigativo do El País Brasil, da revista ÉPOCA e da revista VEJA. Atuou também como repórter do jornal O Globo, do portal G1 e da rádio CBN. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra.
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