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Coronavírus

Residentes são excluídos de lista de vacina e planejam greve

Critérios adotados para imunização causam polêmica na Faculdade de Medicina do ABC e da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

26 jan 2021 - 14h03
(atualizado às 19h44)
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A imunização contra o novo coronavírus no Brasil começou há 10 dias, mas já causou muita polêmica por causa dos critérios adotados. Médicos residentes da Faculdade de Medicina do ABC e da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo afirmam que foram excluídos da lista das instituições para receber o imunizante no primeiro momento.

Vacinação causa polêmica na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Vacinação causa polêmica na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Foto: Newton Menezes / Futura Press

O Terra teve acesso ao ofício que os médicos residentes da Grande São Paulo enviaram ao presidente da comissão de residência médica do Centro Universitário ABC. No documento, os profissionais reclamam da falta de clareza dos critérios para distribuição dos imunizantes, além de um calendário com programação, e comunicam que entrarão em greve a partir desta quinta-feira.

"Tendo em vista a contínua dificuldade em receber a primeira dose da vacina contra o Sars-Cov-2 encontrada por diversos médicos residentes que diariamente atuam nas UTIs, enfermarias e emergências covid-19 dos mais variados hospitais do Centro Universitário Saúde ABC, discriminação que não está prevista nem no plano nacional e nem no plano estadual de vacinação contra covid-19, seguiremos com o informado no ofício do dia 22 de janeiro de 2021. A partir das 7h do dia 28 de janeiro de 2021 será iniciada a paralisação das atividades dos médicos residentes do CUSABC", informam.

Os médicos residentes ressaltam que estão cobrindo todas as regras da legislação e vão atuar em sistema de plantão, atendendo as emergências, e pedem que o hospital acione os profissionais contratados para cobrir os demais serviços.

"Tal paralisação durará até que os médicos residentes sejam reconhecidos como profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a covid-19, tendo, portanto, o mesmo direito à imunização que os demais profissionais", continuou o ofício.

No caso da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o Terra ouviu relatos que médicos em licença receberam a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus enquanto profissionais que atuam na linha frente e tem mais de 70 anos não entraram na lista de contemplados neste primeiro momento.  

Os médicos residentes, que participaram das tendas especiais para atendimento de covid-19 no começo da pandemia e continuam em contato com pacientes infectados, não sabem quando serão vacinados. Não existe uma programação.

A falta de critérios também irritou profissionais da enfermagem. A turma do período diurno recebeu os imunizantes, mas os enfermeiros do períodos noturno não. Atendentes da secretária foram vacinados.

Em contato com a reportagem, a Santa Casa afirmou "que as aplicações da vacina foram iniciadas na última quinta-feira (21/01) para os profissionais de linha de frente, seguindo as orientações recebidas pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde – COVISA. Ressaltamos que todos os profissionais, tanto do período diurno quanto do noturno, estão recebendo o imunizante de forma igual, seguindo os mesmos critérios. Neste primeiro momento, a imunização está sendo realizada em médicos, enfermagem e fisioterapeutas dos setores de UTI, enfermarias covid-19 e pronto-socorro para sintomáticos respiratórios".

Já a presidência da Fundação do ABC e a reitoria do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) afirmou à reportagem que, após reunião realizada nessa terça-feira, "acreditam que será possível equalizar a situação junto à Associação dos Médicos Residentes do Centro Universitário FMABC e cancelar a paralisação anunciada". Segundo nota enviada ao Terra, "a FMABC está realizando levantamento de todos os médicos residentes que ainda não foram imunizados nos serviços de saúde onde atuam, para que possam ser chamados assim que novas doses estiverem disponíveis".

Ainda segundo o comunicado, "a FUABC e a FMABC reconhecem os médicos residentes como profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a covid-19" e "firmaram compromisso para buscar breve solução para a situação e não pouparão esforços para que os médicos residentes sejam vacinados, assim como todos os demais profissionais que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus".

Fonte: Redação Terra
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