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Coronavírus

CPI: fabricante de ivermectina patrocinou tratamento precoce

Em depoimento para a comissão, o diretor executivo da Vitamedic reconheceu que a empresa aumentou o lucrou com a venda do medicamento

11 ago 2021 - 11h44
(atualizado às 12h04)
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Jailton Batista, diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic
Jailton Batista, diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

O diretor executivo da Vitamedic, Jailton Batista, afirmou nesta quarta-feira, 11, que patrocinou a publicação de um manifesto a favor do tratamento precoce contra a covid-19. A empresa é fabricante da ivermectina e aumentou o lucrou com a venda do medicamento. O remédio não tem eficácia comprovada para a doença e teve o consumo incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com o diretor, em depoimento à CPI da Covid, a empresa patrocinou a publicação, veiculada no dia 16 de fevereiro em veículos de comunicação, após um pedido da Associação Médicos pela Vida.

Questionado sobre as controvérsias ética e criminal do patrocínio com um anúncio que geraria lucros para a farmacêutica, o empresário declarou que o manifesto não citava especificamente a ivermectina. "Já tínhamos registrado forte demanda no mercado independente da opinião dos médicos, independente da publicação desse manifesto", disse o diretor.

A atuação da empresa ao ignorar as evidências científicas nas vendas foi criticada na CPI. "Se omitiram e patrocinaram", disse o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

Jailton Batista detalhou que a empresa gastou R$ 717 mil para patrocinar a publicação a favor do tratamento precoce. Durante depoimento na CPI da Covid, o diretor da companhia negou que houve lobby com o governo federal para impulsionar as vendas do medicamento.

O faturamento da Vitamedic com a ivermectina aumentou de R$ 15,7 milhões em 2019, antes da pandemia de covid-19, para R$ 470 milhões em 2020, já durante a crise do novo coronavírus no Brasil.

A CPI da Covid avalia acionar a Justiça Federal para bloquear os bens da farmacêutica e exigir a devolução dos ganhos com a venda do medicamento. "Estamos diante de um dos mais tristes depoimento dessa Comissão Parlamentar de Inquérito", disse o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL).

Estadão
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