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Coluna | 16 anos, uma faca e um plano: A mente perturbada que planejou matar crianças inocentes em Estação

A pequena e pacata cidade de Estação, no Rio Grande do Sul, foi palco de um evento que abalou suas estruturas: o ataque a uma de suas escolas por um jovem de apenas 16 anos

14 jul 2025 - 10h08
(atualizado às 10h11)
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A incompreensão e o choque são sentimentos predominantes, enquanto a comunidade se pergunta: o que leva um adolescente a cometer um ato de tamanha violência? Embora cada caso seja singular, a ciência tem buscado desvendar a complexa teia de fatores que podem culminar em tragédias como essa.

Não existe um único perfil ou uma causa isolada para a violência escolar. No entanto, estudos recentes apontam para a confluência de diversos elementos, que vão desde questões de saúde mental até influências sociais e acesso a informações nocivas. A adolescência é uma fase de intensas transformações, onde a busca por identidade e aceitação é primordial. Frustrações, isolamento social e o sentimento de não pertencimento podem, em casos extremos e com a presença de outros gatilhos, alimentar pensamentos destrutivos.

Uma pesquisa publicada no Journal of Adolescent Health em 2017 por Vossekuil et al. destacou que muitos perpetradores de ataques escolares possuíam um histórico de bullying ou de terem sido alvos de exclusão social. O acúmulo de raiva e ressentimento, somado à percepção de injustiça, pode levar o indivíduo a buscar uma forma de "retaliação" contra aqueles que ele percebe como seus algozes ou contra a própria instituição que, em sua visão, falhou em protegê-lo.

Além disso, a saúde mental desempenha um papel crucial. Condições como depressão, ansiedade severa e transtornos de personalidade, quando não diagnosticadas e tratadas, podem distorcer a percepção da realidade e potencializar impulsos agressivos. Um estudo de 2019 de Metzl e MacLeish, publicado no New England Journal of Medicine, ressalta a importância de abordar a violência armada como uma questão de saúde pública, reconhecendo a intersecção entre problemas de saúde mental e o risco de violência. É fundamental que sinais de sofrimento psíquico em adolescentes - como isolamento extremo, mudanças bruscas de comportamento, ideação suicida ou obsessão por temas violentos - sejam notados e recebam atenção profissional.

A influência do ambiente digital também não pode ser ignorada. A proliferação de conteúdos extremistas e comunidades online que glorificam a violência pode servir como um catalisador para mentes vulneráveis. A exposição constante a narrativas de ódio e a fácil acessibilidade a informações sobre ataques anteriores podem, para alguns, funcionar como um "manual de instruções" ou até mesmo como uma validação para seus próprios pensamentos sombrios. A pesquisa de Salehyan et al. (2018) na Journal of Peace Research investigou como a exposição a grupos violentos online pode radicalizar indivíduos, mostrando a importância da moderação de conteúdo e da educação digital.

No caso do jovem de Estação, como em tantos outros, é provável que uma combinação desses fatores tenha contribuído para o desfecho trágico. Não se trata de justificar o ato, mas de buscar entender as raízes para, assim, prevenir futuras ocorrências. A solução passa por um esforço conjunto da sociedade: escolas mais atentas ao bem-estar de seus alunos, famílias que dialogam abertamente e buscam ajuda profissional quando necessário, e uma comunidade que se une para criar um ambiente de apoio e inclusão. Somente com uma abordagem multifacetada será possível desvendar a sombra que recaiu sobre Estação e evitar que histórias semelhantes se repitam.

Texto: Luam Ferrari

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