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Pode nevar no próximo fim de semana?

Massa de ar muito frio, de origem polar, avança sobre o BR a partir do dia 19 de maio, devendo causar as mais baixas temperaturas no país deste ano, até agora.

16 mai 2018 - 17h29
(atualizado em 17/5/2018 às 15h47)
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A notícia de que uma forte massa de frio poderá provocar temperatura abaixo de zero e geada no Sul do Brasil nos próximos dias, ascendeu também as especulações sobre a possibilidade de nevar.

No outono/inverno de 2017 a ocorrência do fenômeno foi observada no dia 9 de junho, restrito às regiões mais elevadas da serra de Santa Catarina, mas no dia 17 de julho, houve a queda de neve, neve granular, de chuva congelada e de chuva congelante em diversas áreas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do oeste e do sul do Paraná. Outro evento de neve ocorreu de forma tardia em 25 de agosto de 2017.

Possibilidade de neve no próximo fim de semana

No próximo fim de semana, 19 e 20 de maio, uma forte e grande massa de ar muito frio, de origem polar chega ao Brasil e a temperatura já começa a baixar muito na Região Sul. Se há uma chance de nevar, quando o fenômeno poderia ocorrer?

A possibilidade de nevar no fim de semana existe, mas é baixa. A Climatempo considera a ocorrência de fenômenos como neve e/ou chuva congelada apenas para as regiões mais elevadas, acima de 1000 metros de altitude, na serra do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Há uma chance pequena de nevar em cidades como São José dos Ausentes na serra gaúcha, e em São Joaquim, Urupema, Urubici, Bom Jardim da Serra, todas em Santa Catarina.

A maior chance de nevar é entre o fim da noite do sábado, 19 de maio, e durante a madrugada do domingo, 20 de maio. As condições para neve serão menores durante a tarde e noite do domingo por causa da dissipação da nebulosidade.

Ar gelado e ciclone extratropical

Não basta estar muito frio para nevar. É preciso que o ar esteja também bastante úmido para que haja a formação de nuvens dentro das quais vão se desenvolver os flocos de neve.

O ar gelado do próximo fim de semana é garantido pela entrada da forte massa de ar frio de origem polar que chega ao Sul do Brasil. A umidade para a formação das nuvens vem com os ventos de um forte ciclone extratropical que estará girando no mar, no litoral da Região Sul. Os ventos levam a umidade do mar para o interior gaúcho e catarinense estimulando a formação de muitas nuvens baixas.

A simulação das 12 UTC de 16/5/18 (9 horas em Brasília) para ocorrência de neve do modelo atmosférico GFS (Estados Unidos) deu indicação positiva para o fenômeno.

Foto: Climatempo

Possibilidade de neve entre 19 e 20 de maio de 2018

Foto: Climatempo

Foto de Mycchel Hudsonn (Ag. São Joaquim Online): neve em São Joaquim em 17/7/2017

Precipitações de inverno

Precipitação é toda a água que cai das nuvens, mas em diversas consistências. Podemos ter precipitação de água sólida e de água líquida. A chuva, o chuvisco são precipitações líquidas. O granizo e a neve são precipitações sólidas. O mundo do gelo e da neve é diferente. Tem muitas particularidades que só os especialistas entendem.

Quando uma massa de ar muito fria passa sobre o Brasil podem ocorrer vários fenômenos típicos de uma situação de ar muito gelado como neve, neve granular, chuva congelada e geada. Qual a diferença entre estes fenômenos?

Foto: Climatempo

Tipos de precipitação de inverno

Chuva congelada

É a neve (precipitação sólida) que cai da nuvem, vira água líquida (passa do sólido para o líquido) ao passar por uma camada de ar mais quente (temperatura acima de 0°C) e recongela, ainda no ar, ao passar por uma camada de ar frio, com temperatura abaixo de 0°C. A chuva congelada (sleet ou ice pellets, em inglês) se parece com pequenos grãos de gelo.

Chuva congelante

É a neve (precipitação sólida) que cai da nuvem, vira água líquida (passa do sólido para o líquido) ao passar por uma camada de ar mais quente (temperatura acima de 0°C) e só vai congelar (passa do líquido para o sólido) ao tocar uma superfície com temperatura abaixo de 0°C. É uma precipitação de inverno.

Neve

Precipitação em forma de cristais de gelo, com formatos hexagonais e geralmente aglomerados formando o que conhecemos como flocos de neve. Se forma pelo congelamento direto do vapor d'água no ar.

Neve granular

É a neve (precipitação sólida) que cai da nuvem e chega ao chão em forma de minúsculos grãos de gelo (precipitação sólida), opacos, numa forma alongada e achatada, com tamanho menores do que 1 mm de diâmetro. É uma precipitação de inverno.

Granizo

São pedras de gelo (água na forma sólida) que se formam em nuvens do tipo cumulonimbus e chegam ao solo também como pedras de gelo (precipitação sólida), com aparência esférica, mas com tamanhos em geral superiores a 5 mm. Parte da pedra de gelo se derrete no caminho entre a base da nuvem e o chão, porque o ar está com temperatura acima de 0°C.  Mesmo assim, o granizo pode chegar ao solo como grandes pedras, do tamanho de um ovo ou de até maiores. Já foram observados granizos enormes, com até 15 cm de diâmetro. O granizo se forma em nuvens que possuem uma parte com temperatura abaixo de 0°C e outra com temperatura acima de 0°C. É uma precipitação de verão.

Quando ocorre uma tempestade de granizo pequenos ou médios, a impressão é de que nevou, porque o gelo acumulado forma um tapete branco nas ruas.

Geada branca

É o congelamento do orvalho que fica sobre alguma superfície quando a temperatura nesta superfície fica abaixo de 0°C. A geada pode se formar por exemplo sobre os carros, sobre telhados, madeiras e sobre a vegetação. A temperatura do ar acima do solo não precisa estar necessariamente abaixo de zero. 

A geada não é uma precipitação. Geada branca NÃO cai da nuvem. Este fenômeno do mundo do gelo ocorre em noites muito frias, com pouca ou nenhuma nebulosidade e pouco vento. É só uma mudança de estado da água, do líquido para o sólido, e que acontece sobre uma superfície qualquer. Então , não é correto dizer "caiu geada". A geada se forma, a geada ocorre. A aparência da geada é a mesma que do gelo que se forma na geladeira.

Geada negra

Existe também a geada negra. O nome é por causa da aparência da vegetação que fica preta ou muito escurecida quando o fenômeno ocorre. A geada preta é o congelamento da vegetação por ação de ventos muito frios e fortes provocados na chegada de uma massa de ar frio de origem intensa. A geada negra é mais danosa para a agricultura porque queima e mata a seiva da planta, o que impede sua recuperação posterior.

Um exemplo clássico da geada negra é o que ocorreu no inverno de 1975, no estado do Paraná, quando uma massa de ar polar extremamente forte passou pelo Brasil. As plantações de café do norte paranaense foram dizimadas, o que causou uma grave crise social e na economia  do Paraná e afetou também a economia do Brasil, já que o café era um dos principais produtos da balança comercial do país naquela época.

Climatempo
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