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Trump será culpado por maior retrocesso desde Rio 92, dizem ONGs brasileiras

2 jun 2017 - 13h50
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A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, anunciada na quinta-feira pelo presidente Donald Trump, é o maior retrocesso para as negociações climáticas do mundo desde a Cúpula do Rio em 1992, que completa 25 anos nessa semana, de acordo com a opinião do principal porta-voz das ONGs ecologistas brasileiras.

"É o maior retrocesso após 23 anos de difíceis negociações entre a 'Cúpula da Terra' no Rio (junho de 1992) e a Conferência de Paris (dezembro de 2015)", disse em uma entrevista à Agência Efe Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, um grupo que reúne 37 organizações que combatem a mudança climática no Brasil.

Sem os EUA, o Acordo de Paris perde a capacidade de cumprir com seu principal objetivo, que é limitar o aquecimento global em menos de 1,5 grau centígrado até o final do século, segundo o coordenador de uma grupo que auxiliou o Governo brasileiro na definição da sua política climática e que conta entre os seus membros grupos como Greenpeace, WWF e The Nature Conservancy.

Rittl lembrou que foi a Cúpula do Rio de Janeiro de 1992, que completa 25 anos no domingo, lançou as negociações que levaram os membros da ONU a finalmente a se comprometerem em Paris a reduzir suas emissões contaminantes.

Da Conferência das Nações Unidas há 25 anos nesta cidade brasileira saíram três convenções: uma destinada a proteger a diversidade biológica, outra contra a desertificação e a última com o objetivo de frear as mudanças climáticas.

Nesta última, a chamada Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), os governantes de quase 100 países reconheceram pela primeira vez que as mudanças climáticas são provocadas pela ação humana e se comprometeram a iniciar negociações para tentar contê-la.

A convenção deu vida às reuniões periódicas dos seus signatários, as Conferências das Partes (COP), que terminaram no COP 21 de Paris com um acordo ratificado por 142 países que se comprometeram com metas específicas de redução das suas emissões contaminantes.

"O acordo de Paris só foi possível pela então aproximação diplomática entre China e Estados Unidos, os dois maiores emissores do mundo. Perder isso é um grande retrocesso e gera dificuldades em negociações que exigiram mais de duas décadas para chegar a um acordo global", assegura Rittl.

Trump, que já tinha se pronunciado contra o Acordo de Paris como candidato, anunciou na quinta-feira a retirada do seu país de um acordo que qualificou de "desvantajoso e injusto", que obrigava os EUA a reduzir suas emissões em 28% até 2025.

De acordo com Rittl, a retirada do acordo de um dos maiores emissores do mundo é um sinal muito negativo para os mercados e para países que hoje não estão muito comprometidos com os esforços mundiais para reduzir os efeitos da mudança climática, como a Rússia.

"A retirada dos EUA, responsável por 17% das emissões contaminantes, coloca em risco a capacidade dos demais países de alcançar o principal objetivo do acordo, que é limitar o aquecimento em menos de 1,5 graus centígrados até o final do século ", afirmou o dirigente do Observatório do Clima, um ativo participante nas últimas COPs.

"Foi muito complicado chegar a um acordo que pela primeira vez colocou no papel a implementação da convenção do clima do Rio. Necessitamos mais de 20 anos para alcançar um acordo e agora, no momento de definir as regras, uma retirada joga por terra nossa capacidade de limitar o aquecimento global", assegurou.

O ativista se mostrou cético sobre a possibilidade de a decisão dos EUA ser seguida pela China e Índia, dois dos grandes poluidores e que, na sua opinião, já demonstraram que estão comprometidos com a redução de partículas contanimantes e que podem superar as metas que foram impostas.

"Antes da vitória eleitoral de Trump, a China já tinha dado sinais de que manteria os seus compromissos e que exigiria o mesmo dos EUA", afirmou.

EFE   
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