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Brasil e China lançam na segunda-feira o 4º satélite de sensoriamento remoto

CBERS-3 foi construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial

7 dez 2013 - 19h20
(atualizado às 19h27)
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Brasileiros e chineses colocam em órbita na segunda-feira, dia 9, o quarto satélite de sensoriamento remoto produzido pelos dois países. À 1h26, horário de Brasília, será lançado o satélite CBERS-3 que vai mapear e registrar os territórios e atividades agrícolas, desmatamento, mudanças na vegetação e expansão urbana.

O projeto faz parte do Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS-3, na sigla em inglês) e será lançado após três anos de ausência nesse nível de monitoramento, devido à desativação do anterior e a atrasos na nova operação.

Integrado ao foguete Longa Marcha 4B, o CBERS-3 vai viajar durante apenas 12 minutos e atingir 780 quilômetros de altitude, quando iniciará a etapa de estabilização e de entrada em órbita. Após ser posicionado e ter seus equipamentos acionados, o satélite passará por uma fase de checagem dos equipamentos e da qualidade das imagens, para, três meses depois, serem disponibilizadas ao público.

O CBERS-3, construído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, retoma a transmissão de imagens enviadas anteriormente pelo CBERS-2B, que deixou de funcionar em 2010. Antes, o CBERS-1 e o CBERS-2 tinham sido enviados por Brasil e China em 1999 e 2003, respectivamente.

Para o Coordenador do Segmento de Aplicações do Programa CBERS, José Carlos Neves Epiphânio, mesmo com a interrupção do monitoramento feito pelos satélites CBERS, o Inpe manteve acordos com outros países para que os dados sobre o Brasil continuassem sendo usados. O órgão mantém um catálogo de imagens feitas por diversos satélites e disponíveis gratuitamente na internet, no endereço http://www.dgi.inpe.br/CDSR/.

O investimento brasileiro na construção do CBERS 3 chegou a R$ 300 milhões, entre as despesas do instituto, da contratação de empresas especializadas e da compra de equipamentos. De acordo com o coordenador, os efeitos da disponibilização das imagens a pesquisadores, instituições de ensino e cidadãos comuns conseguem superar o valor gasto. "Se há um programa caro neste país que se pagou é o CBERS, porque o benefício social é uma coisa espantosa."

Segundo Epiphânio, que é pós-doutor em sensoriamento remoto, a construção do CBERS-3 foi dividida igualmente entre os dois países. Nos modelos anteriores, a China era responsável pela produção de 70% do satélite. Uma vez assinado o acordo, é definido o país que vai fabricar cada componente, como painel solar, controle térmico, sistema de gravação, além das câmeras que, acopladas ao satélite, produzem as imagens usadas em estudos ecológicos, industriais, geológicos e agrícolas.

Epiphânio explica que O CBERS-3 vai ter um kit de câmeras capazes de fornecer fotos mais detalhadas. Será possível notar, por exemplo, a composição colorida dos objetos", explica. 

O CBERS-3 poderá monitorar, por exemplo, o avanço de plantações para além do mínimo exigido, próximo de cursos d'água. 'Haverá também um melhor gerenciamento das águas de represas, para ver se não estão removendo o solo na beira das represas, porque a areia pode entrar na turbina e diminuir seu tempo de vida útil, gerando mais manutenção e conta de luz mais cara para nós', imagina Epiphânio

Ele diz ainda que o projeto para o CBERS-3 foi feito de acordo com o CBERS-4, que deve ser lançado daqui a dois anos. Como a responsabilidade é compartilhada, caberá aos brasileiros a organização do lançamento, sendo ou não no território brasileiro. A expectativa, segundo ele, é grande. Os engenheiros brasileiros estão confiantes porque foram feitos todos os testes, e o histórico do lançador de foguetes é satisfatório.

Os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação, Antonio Raupp, e das Comunicações, Paulo Bernardo, acompanharão o lançamento em Taiyuan, província chinesa de Shanxi.

Satélite irá mostrar desmatamento da Amazônia

Dentro de três meses, será possível acessar o sistema de armazenamento de imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e baixar fotografias recentes do desmatamento na Amazônia, de fenômenos agrícolas, conflitos agrários e expansão urbana.

Para o coordenador do Inpe, o ensino básico também pode ser beneficiado. "A professora pode baixar imagens para a aula. Uma coisa é você mostrar o desmatamento, outra é mostrar antes e depois, isso marca o aluno. Também pode mostrar a diferença entre vegetação do Cerrado e da Amazônia, por exemplo, ou como certas regiões são adensadas", diz o pesquisador.

O envio das imagens é possível graças a receptores instalados no Brasil e na China, que processam os dados e os transformam novamente em fotografias prontas para os estudos. 

Segundo Epiphânio, os outros países poderão receber informações sobre seus territórios por meio do gravador de bordo do satélite, que armazena as fotografias e depois as envia para os receptores brasileiro e chineses. 

Agência Brasil Agência Brasil
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