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A descoberta da Nasa que revoluciona teoria sobre como os planetas se formam

Imagens feitas por sonda a bilhões de quilômetros do Sol apontam que planetas não se formaram com colisões violentas, como se imaginava, mas por meio de uma aglomeração suave de matéria.

13 fev 2020 - 16h33
(atualizado às 19h15)
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Cientistas dizem ter "definitivamente" derrubado uma teoria predominante sobre como os planetas do Sistema Solar se formaram.

Esta hipótese previa que uma colisão violenta de matéria havia formado aglomerados cada vez maiores até se tornarem mundos.

Os cientistas não encontraram indícios de colisões violentas em Arrokoth
Os cientistas não encontraram indícios de colisões violentas em Arrokoth
Foto: NASA / BBC News Brasil

Porém, novas descobertas apontam que esse processo foi menos intenso, e a matéria se aglomerou suavemente.

O estudo foi publicado pela revista Science e apresentado na reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Seattle, nos EUA.

O pesquisador principal do estudo, o cientista Alan Stern, da agência espacial american, a Nasa, disse que a descoberta foi de uma "magnitude estupenda".

'Isso raramente acontece na ciência planetária', afirmou Stern (esq.)
'Isso raramente acontece na ciência planetária', afirmou Stern (esq.)
Foto: NASA/Bill Ingalls / BBC News Brasil

"Havia uma teoria predominante desde o final da década de 1960 de colisões violentas e uma teoria emergente mais recente de acumulação suave. Uma agora caiu por terra, e a outra é a única que está de pé. Isso raramente acontece na ciência planetária", afirmou Stern à BBC News.

O que diz o estudo?

A pesquisa é um estudo detalhado de um objeto nos confins do Sistema Solar. Chamado Arrokoth, ele está a mais de 6 bilhões de quilômetros do Sol, em uma região chamada Cinturão de Kuiper. Ele é um remanescente primitivo da formação de um planeta.

Os objetos do Cinturão de Kuiper permaneceram praticamente os mesmos desde a formação do Sistema Solar, há 6 bilhões de anos. Eles são, assim, como fósseis perfeitamente preservados deste tempo distante.

Os cientistas obtiveram imagens de alta resolução de Arrokoth quando a sonda New Horizons, da Nasa, chegou perto dele há pouco mais de um ano. Isso deu aos cientistas a primeira oportunidade de testar qual das duas teorias concorrentes estava correta.

A análise de Stern e sua equipe não encontrou evidências de impactos violentos, como fraturas nem achatamentos, indicando que a matéria que o formou entrou em contato suavemente.

"Isso é totalmente conclusivo", disse Stern. "O sobrevoo de Arrokoth nos permitiu verificar as duas teorias de uma vez."

A teoria da aglomeração suave foi desenvolvida há 15 anos por Anders Johansen
A teoria da aglomeração suave foi desenvolvida há 15 anos por Anders Johansen
Foto: Lund Observatory / BBC News Brasil

A teoria da aglomeração suave foi desenvolvida há 15 anos pelo professor Anders Johansen, no Observatório Lund, na Suécia. Na época, ele era um jovem estudante de doutorado. A ideia surgiu a partir de simulações em computador.

Johansen disse que a confirmação de sua teoria "é um verdadeiro alívio". "Lembro-me de quando era estudante e estava muito nervoso com esses resultados, porque eram muito diferentes dos anteriores. Estava preocupado que houvesse uma falha no código da minha simulação ou que eu tivesse cometido um erro de cálculo", disse o cientista.

A engenheira Maggie Aderin-Pocock, que apresenta o programa de astronomia Sky at Night, da BBC, diz ser preciso ter cautela para não se derrubar uma teoria com base na observação de um único objeto, mas afirma que a interpretação de Stern "faz muito sentido".

"É bom ter essa evidência, porque a teoria original era boa, mas havia alguns desafios nela. Por que os objetos se uniram após colidirem e não se separaram? Havia muita coisa que não se encaixava."

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