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ONU: Brasil é exemplo de eleição afetada por 'desinformação'

Michelle Bachelet falou sobre os riscos da manipulação de dados coletados na internet e como podem afetar 'escolhas' das populações

14 nov 2018 - 17h35
(atualizado às 17h55)
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A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, cita o Brasil como exemplo de como a "desinformação" influenciou nas eleições, no mês passado. Num discurso realizado nesta quarta-feira na Universidade de Genebra, a chefe de Direitos Humanos das Nações Unidas tratou dos riscos da manipulação de dados coletados na internet e como podem afetar "escolhas" das populações.

"Em alguns países, um volume amplo de dados está sendo coletado por meio de monitoramento, e são usados para determinar pontuações pessoais ou negando acesso às oportunidades", alertou.

Chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, em Genebra 20/09/2018  REUTERS/Denis Balibouse
Chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, em Genebra 20/09/2018 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

"Temos visto que os dados, uma vez coletados, podem ser usados para uma multiplicidade de objetivos que vão bem além das metas originais", declarou a ex-presidente do Chile. "Essa relação entre inteligência artificial e a coleta de dados sobre nossas personalidades e escolhas vão um passo além quando são usadas, por atores públicos ou privados, para manipular nossos pensamentos e mudar nossas escolhas", alertou.

"Isso não é ficção científica", disse. "Seja na eleição presidencial dos EUA, no referendo sobre o Brexit no Reino Unido ou nas recentes eleições no Brasil e Quênia, onde pesquisas falsas e desinformação foram amplamente compartilhadas, estamos vendo um aumento do uso de campanhas de desinformação e robôs nas redes sociais para influenciar opiniões e escolhas de eleitores individuais", alertou.

"Talvez pensamos que isso não ocorre com nós mesmos: somos espertos suficientes para não ser afetados por um bando de robôs. Mas não tenho tanta certeza", disse.

"Aparentemente, a internet está ficando cada vez mais uma arena para forças muito sofisticadas para propaganda . seja por extremismo violento ou atores privados e mesmo autoridades estatais para objetivos políticos", advertiu.

"Nesse contexto, existe alguma dúvida de que nossa liberdade para pensar, acreditar, expressar ideias e fazer nossas escolhas e viver como queremos está sob ameaça?", questionou.

"Se nossos pensamentos, ideias e nossas relações podem ser previstas por instrumentos digitais, e mesmo alterado pela ação de programas digitais, então isso representa uma questão desafiadora e fundamental sobre nosso futuro."

Na avaliação de Bachelet, um dos desafios dos Estados no futuro será regular o mundo digital, além de trabalhar ao lado de de engenheiros e ativistas de direitos humanos para permitir que essa esfera possa ser um local de proteção de direitos humanos.

"A evolução do mundo digital é profundamente importante para os direitos humanos."

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