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Nelson Jobim: Não pautar prisão em 2ª instância foi erro

Na avaliação do ex-presidente do STF, ao julgar habeas corpus, tribunal manteve situação anterior porque não estava se discutindo a matéria

21 set 2018 - 19h02
(atualizado às 20h12)
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O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, considerou equivocada nesta sexta-feira (21) a condução da ministra Cármen Lúcia à frente da Suprema Corte no caso envolvendo a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida em abril. Segundo Jobim, a ministra, que deixou o cargo na semana passada, errou ao não ter pautado o julgamento sobre a prisão de condenados em 2ª instância.

"O erro de todo o problema que ocorreu em relação ao presidente Lula é que a presidente do Supremo não colocou em votação a matéria constitucional propriamente dita e resolveu votar, primeiro, o habeas corpus do presidente Lula. Assim, acabou o STF mantendo a situação anterior porque não estava se discutindo a matéria em tese", declarou Jobim em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre.

Em 2016, a Corte confirmou que a prisão após 2ª instância vale para todos os casos. Assim, prevalece entendimento de que Lula fique preso, em Curitiba, mesmo com alterações na composição da Corte, assim como a mudança de opinião dos magistrados.

Nelson Jobim afirmou que prisão em 2ª instância tinha que ser pautada no STF
Nelson Jobim afirmou que prisão em 2ª instância tinha que ser pautada no STF
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Porém, Nelson Jobim considera que a posição pode ser revertida no STF. "Eu sempre fui favorável de que a presunção da inocência vale até o fim, ou seja, você não pode prender sem trânsito em julgado. Esta sempre foi a minha posição e pode, hoje, talvez ser majoritária no Supremo", ressaltou.

O ex-ministro da Defesa e da Justiça também defendeu que o recém-empossado presidente do STF, Dias Toffoli, coloque a matéria em votação em um "momento razoável", em concordância com os demais integrantes da Corte. "Eu creio que o ministro Toffoli tem absoluta noção da dimensão da presidência e vai colocar esta matéria em votação no momento em que ele encontrar razoável entendimento com os outros colegas", frisou.

Procurado, o Supremo Tribunal Federal não se manifestou sobre a declaração de Jobim até a publicação deste texto.

MDB é partido de Congresso, diz Jobim

Sobre o cenário político, o ex-ministro do STF, que foi cotado pelo MDB para disputar a Presidência, avaliou os números de Henrique Meirelles (MDB) na pesquisa Datafolha, divulgada nessa quinta-feira.

O emedebista conta com apenas 2% das intenções de voto. De acordo com Nelson Jobim, além de Meirelles não adotar um discurso radical em busca de votos, o partido nunca teve perfil para brigar pela Presidência.

"O MDB tradicionalmente não é um partido de disputas majoritárias nacionais, é um partido de Congresso. É um partido que sempre assegurou maioria dentro do Congresso, para efeito de ser o órgão de entendimento com os presidentes que foram eleitos", finalizou.

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