"Care Killing": a cada 8 dias, um idoso é morto por cuidador no Japão
O envelhecimento acelerado da população no Japão tem trazido desafios inéditos para o país. Afeta diretamente as famílias e o sistema de cuidados a idosos. Atualmente, o país mantém o posto de uma das sociedades mais envelhecidas do mundo, com quase um terço de seus habitantes acima dos 65 anos. Esse cenário tem pressionado tanto os serviços públicos quanto os cuidadores familiares, levando a situações extremas e trágicas dentro dos lares japoneses.
Envelhecimento no Japão gera o fenômeno 'Care Killing'
O fenômeno conhecido como care killing chama a atenção por sua gravidade. Trata-se de casos em que cuidadores, geralmente familiares exaustos, acabam tirando a vida de idosos sob seus cuidados, muitas vezes seguidos de suicídio.
Além disso, o problema no Japão escancara a falta de apoio adequado para quem assume essa missão. Segundo um estudo da professora Etsuko Yuhara, especialista em bem-estar social da Universidade Nihon Fukushi, entre 2011 e 2021, o país registrou 443 mortes em 437 casos de assassinato ou suicídio ligados à fadiga do cuidador. Ela relatou à jornalista Fátima Kamata que a falta de políticas públicas suficientes para apoiar cuidadores e a escassez de profissionais no setor agravam o problema.
Além disso, a cultura japonesa valoriza o cuidado familiar, o que pode dificultar a busca por ajuda externa. Por isso, na maioria das vezes, o responsável é um filho adulto, cônjuge ou outro parente próximo. Diversos fatores contribuem para esse cenário, incluindo a sobrecarga emocional, o isolamento social e a ausência de alternativas de apoio. Muitas famílias enfrentam dificuldades para conciliar o cuidado diário com outras obrigações, especialmente quando o idoso apresenta doenças como demência ou limitações físicas severas.
Entre 2011 e 2021, foram registrados mais de 400 casos desse tipo, segundo levantamentos de especialistas em bem-estar social. Projeções indicam que, até 2040, o país precisará de pelo menos 2,74 milhões de trabalhadores no setor.