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Terceirização coloca maiores centrais sindicais do país em lados opostos

1 mai 2015 - 16h11
(atualizado às 16h11)
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O projeto de lei debatido no Congresso e que estende a todas as atividades e setores a terceirização do emprego colocou em lados opostos nesta sexta-feira as duas maiores centrais sindicais do país em suas tradicionais manifestações pelo Dia do Trabalho.

Enquanto a Central Única dos Trabalhadores (CUT), maior união sindical do país e aliada do governo, marchou em São Paulo contra a terceirização e ameaçou convocar uma greve geral caso seja aprovada, a Força Sindical, aliada a partidos opositores, defendeu a iniciativa.

São Paulo foi palco hoje das maiores concentrações pelo Dia do Trabalho convocadas pela CUT e a Força Sindical e que, após os tradicionais discursos políticos, se transformaram em grandes festas com a apresentação de vários grupos musicais e a realização de sorteios de veículos e eletrodomésticos.

As duas centrais concordaram na defesa dos direitos trabalhistas conquistados pelos trabalhadores, mas divergiram radicalmente na hora de pronunciar-se sobre a terceirização.

O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 22 de abril, e agora em discussão no Senado, amplia a todo os setores a terceirização, com o que autoriza as empresas a contratar prestadores até para a atividade-fim.

Até agora a terceirização é autorizada para atividades não específicas das empresas prestadoras de serviço, como limpeza e segurança.

"Este ato do 1º de Maio é contra o projeto que prevê a terceirização. É também o primeiro passo para a greve geral que convocaremos caso o Congresso aprove o projeto", afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas, na manifestação realizada no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista.

O líder sindical disse que a CUT pressionará para que a presidente Dilma Rousseff vete o projeto caso o Congresso o aprove.

"Esse projeto vai extinguir todas as garantias trabalhistas, as férias, o emprego formal...", acrescentou Freitas ao referir-se a uma iniciativa que, apesar da oposição do PT, conta com o apoio de vários dos partidos que integram a coalizão governista.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos presentes no ato da CUT, reiterou que pedirá a Dilma que vete o projeto.

A manifestação da CUT também contou com o respaldo de militantes de várias organizações sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Marcha Mundial das Mulheres, que também se opõem à terceirização.

"O projeto de terceirização é positivo para os trabalhadores e só necessita da correção de alguns detalhes", disse, por sua vez, o deputado Paulinho da Força, do partido Solidariedade e um dos principais dirigentes da Força Sindical, no discurso que pronunciou na praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo.

Paulinho disse que, apesar de algumas divergências, a Força Sindical defende a terceirização desde que sejam introduzidas algumas remodelações para garantir a estabilidade dos trabalhadores que não são terceirizados.

O ato da Força Sindical, no qual se esperava a presença de até um milhão de pessoas, contou com a presença do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do senador Aécio Neves, e do ministro do Trabalho, Manoel Dias.

Em um vídeo que publicou hoje nas redes sociais para comemorar o Dia do Trabalho, Dilma disse que o projeto oferece garantias a 12,7 milhões de empregados terceirizados, mas se mostrou contrária à iniciativa caso não inclua restrições.

"A regulamentação do trabalho terceirizado tem que manter a diferenciação entre atividades-fim e meio, nos vários setores produtivos", afirmou a governante.

Dilma, no entanto, não disse se pretende vetar o projeto caso o Congresso estenda a terceirização a todas as atividades.

No discurso que pronunciou hoje no ato da Força Sindical, Eduardo Cunha pediu "cautela" a Dilma antes que decida vetar o projeto e lhe lembrou que o PT não é o único partido da coalizão de governo.

"A presidente não é sustentada politicamente apenas pelo PT, mas por vários partidos. E todos os demais partidos (da coalizão) aprovam o projeto. Por isso, ela tem que ter cautela e adotar uma posição que seja a da maioria de seus aliados e não só a de seu partido", declarou Cunha.

EFE   
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