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Política

O que se sabe sobre envolvimento do PCC e Comando Vermelho com o poder público?

Investigações miram elo 'financeiro' do PCC e do CV dentro da PGR e planejamento de atentados pelo PCC contra o presidente da Câmara, Arthur Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o senador e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro

15 dez 2023 - 07h44
(atualizado às 08h01)
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A Polícia Federal (PF) investiga um suposto elo de facções criminosas dentro da Procuradoria-Geral da República (PGR). Um servidor do órgão é suspeito de ser receptador de pagamentos de armas e drogas tanto para o Comando Vermelho (CV) quanto para o Primeiro Comando da Capital (PCC). A suspeita, no entanto, não é primeira quanto ao envolvimento do crime organizado com o poder público. As principais facções criminosas do País já se envolveram em escândalos com órgãos públicos, partidos e integrantes do governo.

Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de políticas penais do MJ, Rafael Velasco Brandani
Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de políticas penais do MJ, Rafael Velasco Brandani
Foto: Reprodução: Instagram/ @associacaoliberdadedoam / Estadão

Em novembro, o Estadão expôs o bom trânsito da mulher de um líder do CV em Brasília: além de se encontrar com quatro representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública, chefiado por Flávio Dino, Luciane Barbosa Freitas esteve em eventos do Ministério dos Direitos Humanos e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O PCC, em retaliação ao pacote anticrime do governo Bolsonaro, planejou matar representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário - incluindo o senador Sérgio Moro (União-PR) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Servidor da PGR investigado por envolvimento com PCC e CV

Na terça-feira passada, 5, a PF deflagrou uma nova fase da Operação Dakovo, que investiga uma quadrilha suspeita de traficar armas para facções criminosas como o Comando Vermelho e o PCC. Entre os alvos estava o analista processual Wagner Vinicius de Oliveira Miranda, servidor da Procuradoria-Geral da República. Ele é suspeito de permitir que sua conta bancária fosse utilizada para a receptação de pagamentos de armas e drogas oriundos da fronteira com o Paraguai.

Como servidor lotado na cúpula do Ministério Público Federal (MPF), Wagner tinha acesso aos sistemas e dados internos da PGR. Em razão disso, a Justiça Federal da Bahia solicitou à PF seu afastamento cautelar do órgão público, válido por 30 dias.

Em nota, a PGR disse que a investigação está em andamento, sob sigilo, e que desde o início "foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa". O Estadão tenta contato com o servidor.

O Instituto Liberdade do Amazonas, ONG pela qual Luciane se apresentou ao Ministério da Justiça, é investigado pela Polícia Civil do Amazonas como fachada para que o Comando Vermelho "obtenha capital político em negociações com o Estado". As ações sociais desse instituto, inclusive, seriam sustentadas com recursos oriundos da facção criminosa.

Luciane não esteve apenas no Ministério da Justiça. O Ministério dos Direitos Humanos chegou a pagar, com recursos públicos, passagens e diárias para ela participar de um evento organizado pela pasta. O Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura reuniu mais de 70 indicados por comitês locais e Luciane foi a representante do Amazonas.

Em Brasília, ela esteve também no Congresso Nacional, onde se encontrou nos corredores com parlamentares, e no Conselho Nacional de Justiça, que atua no combate ao crime organizado. No CNJ, foi recebida pelo conselheiro Luiz Phillippe Vieira de Mello Filho, que é também ministro do Tribunal Superior do Trabalho.

Os atentados da facção já vinham sendo investigados pela Operação Sequaz, da Polícia Federal. O foco da PF eram os chefes da Sintonia Restrita, ala do PCC que estava encarregada de resgatar o líder máximo da organização, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Com o fracasso do plano, os criminosos passaram a visar autoridades públicas, como o deputado federal Coronel Telhada, o promotor Lincoln Gakiya, especializado em investigar a facção, e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Como desdobramento da Sequaz, também foi deflagrada pela PF a Operação Irrestrita, que cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e três ordens de prisão preventiva em São Paulo.

Estadão
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