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Política

'Não tenho a menor vontade de ser candidato', diz Barbosa

Presidente do Supremo descartou possibilidade de concorrer à Presidência em 2014

25 jun 2013 - 18h13
(atualizado às 18h51)
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Joaquim Barbosa se reuniu nesta terça-feira com a presidente Dilma Rousseff para debater a crise do País e a possibilidade de um referendo para reforma política
Joaquim Barbosa se reuniu nesta terça-feira com a presidente Dilma Rousseff para debater a crise do País e a possibilidade de um referendo para reforma política
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, negou nesta terça-feira a possibilidade de ser candidato à Presidência da República no ano que vem, embora tenha se declarado "lisonjeado" de ter seu nome citado em pesquisas de opinião. "Não tenho a menor vontade de me lançar candidato a presidente da República", disse o ministro a jornalistas, ao ser questionado sobre uma pesquisa do instituto Datafolha que o apontou como favorito à Presidência entre manifestantes que participaram de um protesto em São Paulo.

Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

Barbosa disse, no entanto, que sabe que o grupo entrevistado pelo Datafolha não representava todos as parcelas da sociedade brasileira. Ele lembrou que já tem mais de 40 anos "de vida pública", dando a entender que não seria o momento de enfrentar esse desafio. O presidente do STF, que mais cedo nesta terça se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, defendeu "diminuir, mitigar, não suprimir" a influência dos partidos na vida política brasileira.

Dilma propõe plebiscito para Constituinte e reforma política:

Ele afirmou que o país vive uma crise "grave" e de "legitimidade" e defendeu que o povo seja consultado com mais regularidade, após Dilma propor na véspera o debate sobre um plebiscito que autorize um processo constituinte para a elaboração de uma reforma política.

"Há uma necessidade do Brasil de incluir o povo nas discussões. O Brasil está cansado de reformas de cúpula. Examinem a história do Brasil, examinem a história da nossa vida independente como nação, e vocês vão descobrir uma coisa: todos os momentos cruciais tiveram decisões de cúpulas. O que se quer hoje no Brasil é isso, é o povo participando das decisões", afirmou.

"A Constituição é clara: o presidente da República pode fazer uma emenda constitucional propondo as reformas que entender necessárias, especialmente essa reforma política. Agora, o que eu indago é o seguinte: num momento de crise grave, como o atual, a propositura de reformas via emenda constitucional seria viável? Essas propostas já não tramitam no Congresso há anos? Houve em algum momento demonstração de vontade política de levar adiante essas reformas?", questionou o ministro.

"É exatamente essa falta de interesse em reformas que levou à crise atual para a qual estamos passando. Nós temos uma crise de legitimidade, precisamos de medidas que suprimam essa crise. (...) O que falta ao Brasil é dar ao povo a chance de trazer a ele próprio essas respostas", completou ele. Barbosa não quis se pronunciar agora sobre a possibilidade de um plebiscito e disse que o assunto não foi tratado diretamente com a presidente.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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