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Política

Milton Ribeiro: MPF quer que Supremo investigue Bolsonaro por suposta interferência

Órgão cita transcrições de conversas telefônicas com indícios de que o ex-ministro sabia de operação policial

24 jun 2022 - 12h01
(atualizado às 12h10)
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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro
Foto: Reuters

O Ministério Público Federal (MPF) quer que as investigações sobre o ex-ministro Milton Ribeiro sejam levados ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha interferido na investigação. A informação é da GloboNews nesta sexta-feira, 24.

Segundo a apuração, o pedido é necessário porque as investigações trouxeram indícios dessa suposta interferência. Há suspeita, por exemplo, de que Ribeiro já estava ciente da operação policial realizada na quarta-feira, 22. 

O MPF citou transcrições de conversas telefônicas, autorizadas pela Justiça, para justificar o pedido. Nas mencionadas transcrições, Ribeiro diz ter sido informado sobre uma suposta busca e apreensão em sua casa.

O caso 

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso em operação da Polícia Federal batizada Acesso Pago. Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura - ligados ao presidente Jair Bolsonaro - também foram presos, além de Helder Diego da Silva Bartolomeu e Luciano de Freitas Musse.

Na quinta-feira, 23, o desembargador federal Ney Bello, do Tribunal Regional Federal (TRF-1), concedeu liberdade aos presos pela operação. 

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Arilton Moura e Gilmar Santos compunham um "gabinete paralelo" suspeito de agilizar liberação de verbas para prefeituras em troca de propina.

A operação mira supostos crimes de tráfico de influência, corrupção passiva, prevaricação e advocacia administrativa.

Em conversas gravadas que vieram à público em março deste ano, o ex-ministro Milton Ribeiro admitiu que priorizava o atendimento a prefeitos que chegam ao ministério por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, Ribeiro afirmou, na ocasião, que seguia ordem do presidente Jair Bolsonaro.

Na gravação, Milton Ribeiro diz que a liberação de recursos foi um "pedido especial" de Bolsonaro. "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar (Santos)" - Arilton Moura e Gilmar Santos estavam presentes na reunião. "A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar".

Os recursos obtidos pelos prefeitos são do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), destinados à reforma e construção de escolas e creches. Também podem ser usados para adquirir ônibus escolares e materiais didáticos, entre outros itens.

O prefeito Gilberto Braga (PSDB), de Luís Domingues (MA), revelou que o pastor Arilton Moura chegou a pedir pagamento em ouro para liberar recursos da pasta destinados à construção de escolas e creches em municípios. Segundo Braga, o pastor cobrava outros R$ 15 mil apenas para abrir protocolos de demanda no ministério. Depois que a demanda fosse atendida, outro valor era solicitado, o que poderia variar de caso a caso. 

Gilmar e Arilton estiveram em pelo menos 22 agendas oficiais do Ministério da Educação desde o começo de 2021, sendo 19 delas com a presença do então ministro Milton Ribeiro.

Fonte: Redação Terra
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