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Política

Há 'usurpação' e 'confusão' em relação à ideia de liberdade de expressão, dizem especialistas

O jornalista Eugênio Bucci, o advogado Pierpaolo Bottini e o presidente do Instituto Millenium Sebastião Ventura participaram de painel sobre liberdade de expressão em evento do Estadão em homenagem aos seus 150 anos

29 abr 2025 - 17h14
(atualizado às 17h56)
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BRASÍLIA - O conceito de liberdade de expressão vive tanto uma "usurpação" quanto uma "confusão" no Brasil. A avaliação permeou o debate promovido pelo Estadão nesta terça-feira, 29, com Eugênio Bucci, professor titular da ECA-USP e membro da Academia Paulista de Letras, Pierpaolo Bottini, advogado criminalista e professor de Direito Penal da USP, e Sebastião Ventura, presidente do Instituto Millenium.

Painel sobre liberdade de expressão no Fórum do Estadão realizado em Brasília
Painel sobre liberdade de expressão no Fórum do Estadão realizado em Brasília
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

O debate foi feito no painel sobre liberdade de expressão em essência, do "Fórum Liberdade de Expressão - 150 anos em defesa da liberdade e da democracia", promovido pelo Estadão nesta terça-feira, 29. O painel foi mediado pelo editor executivo do Núcleo de Política e Internacional do Estadão, Renato Andrade.

O evento, aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e que integra as comemorações de 150 anos do jornal, está sendo realizado desde as 14h30, em Brasília, e transmitido ao vivo pelo Estadão.

O tema abordou o que a sociedade brasileira tem debatido sobre o direito de cidadãos de se expressarem. A comunicação por meio das plataformas digitais, que se tornou cotidiana na maior parte do mundo, teve centralidade no debate.

Crítico do poder de manipulação de companhias como a Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) e Alphabet (Google e YouTube), Bucci afirma que o mundo nunca viu a coordenação de tamanho oligopólio de plataformas digitais, e que a legislação deveria "cuidar de estabelecer limites não para a liberdade de expressão, mas para o abuso de poder".

"Muitas vezes nós não estamos lidando com liberdade de expressão quando presenciamos certas atrocidades na esfera pública. Não é o exercício da liberdade de expressão que nos vitimiza, mas algo diferente, que eu caracterizaria como abuso de poder. Liberdade de expressão não é prerrogativa de conglomerados monopolistas globais. Há uma usurpação da liberdade de expessão. Há verdadeiros abusos cometidos sob o véu conveniente da liberdade de expressão", disse Bucci.

Bottini segue na mesma linha ao afirmar que é comum se deparar "com certa confusão conceitual".

"Por muitas vezes, usa-se o conceito de liberdade de expressão para tentar legitimar um discurso de ódio e de abuso de poder", afirmou Bottini.

O advogado afirma que a discussão no Brasil ficou no meio do caminho entre os entendimentos sobre liberdade de expressão canonizados nos Estados Unidos, onde o conceito é amplo, e na Europa, em que existe maior restrição. Para Bottini, a liberdade de expressão no País tem nas questões da honra, do ódio e da disseminação intencional e dolosa de inverdades os seus principais limites.

Ventura, por sua vez, considera a liberdade de expressão como a "mãe" de todas as outras liberdades, como a de associação, de imprensa, de empreendimento e da própria escolha dos governantes das nações. Para ele, "a origem dessa liberdade essencial é um grito de basta e rejeição à injustiça e à repressão em todas as suas formas", referindo-se a sociedades europeus que saíram às ruas contra monarquias absolutistas.

Ele diverge de Bucci e Bottini, no entanto, ao colocar ressalvas a eventuais limitações no direito de expressão como forma de defesa de valores mais importantes. "Eu vejo surgir uma linha para que nós, para defender a democracia, temos que restringir a liberdade de expressão. Eu acho esse ponto delicado", afirmou Ventura.

Sessão solene

O Congresso Nacional realizou mais cedo uma sessão solene pelo aniversário de 150 anos do Estadão. Durante a cerimônia, autoridades e profissionais do jornal destacaram o compromisso com a democracia e a verdade, em discursos que reuniram frases marcantes sobre a trajetória do veículo.

O CEO do Estadão, Erick Brêtas, destacou durante a sessão no plenário do Senado a missão do Estadão de levar informação aos cidadãos sem "fugir do dever da honestidade".

"Um jornal que pretende ser consciência crítica de seu tempo não pode deixar de reportar, analisar e criticar a atividade dos homens e mulheres que constituem os Poderes da República", declarou Brêtas em referência aos parlamentares do Congresso Nacional.

O presidente do Conselho de Administração da S.A. O Estado de S. Paulo, Francisco Mesquita Neto, ressaltou os principais valores que o Estadão carrega em seus 150 anos de história." O Estadão faz oposição a todos os governantes que se mostrarem fiscalmente irresponsáveis, libertíssimas ou reacionários".

Já o diretor de jornalismo do Grupo Estado, Eurípedes Alcântara, falou sobre o papel do Estadão na fiscalização do poder público: "O Estadão compreendeu que ser os olhos e os ouvidos da nação requer acompanhar criticamente a atuação dos Poderes públicos, entre eles, o Congresso Nacional", declarou.

Estadão
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