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Política

Graça Foster diz que corrupção se formou fora da Petrobras

Resposta foi induzida pelo relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ), que perguntou se ela concordava com a tese de seu antecessor na estatal

26 mar 2015 - 12h40
(atualizado às 15h14)
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Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.  16/12/2014
Sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. 16/12/2014
Foto: Sergio Moraes / Reuters

Em uma resposta induzida pelo relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), a ex-presidente da estatal Graça Foster disse nesta quinta-feira que o esquema de corrupção se formou fora da companhia. O petista questionou, durante sessão da comissão, se a de depoente concordava com a tese de seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, de que o esquema não poderia ser captado pela governança da companhia.

“Se evidencia também para a vossa senhoria de que o esquema de corrupção se formou numa relação fora da empresa Petrobras?”, questionou Luiz Sérgio. “O esquema de corrupção se formou fora da Petrobras”, respondeu Graça Foster.

A pergunta foi feita depois de a ex-presidente da estatal destacar que tanto a auditoria independente como órgãos de controle não identificaram a corrupção na Petrobras. “Entendo que os órgãos de controle melhoraram sim, mas tenho para mim que o descobridor da corrupção foi a polícia. A ser confirmado o cartel, foi a PF”, disse.

Graça Foster deixou a Petrobras em fevereiro, em meio ao escândalo de corrupção da Petrobras. Em seu quinto depoimento no Congresso desde o início do ano passado, a ex-presidente da estatal chegou à sala da CPI cercada por deputados petistas, integrantes e não integrantes da comissão.

Assim como fez no ano passado, Graça Foster disse ter ficado "envergonhada" com denúncias de propina na estatal, como na construção do gasoduto Gasene, na Bahia, enquanto ela era diretora de Gás e Energia. "Ouvi dizer que teve propina. Eu continuo muito orgulhosa, mas envergonhada por causa da propina", disse.

Questionada se discutiu com a presidente Dilma Rousseff sobre corrupção na estatal, Graça Foster negou, por dizer desconhecer o esquema de propina. "Corrupção, eu não conhecia. Não poderia conversar com ela sobre uma coisa que eu não conhecia."

Apesar de lamentar o escândalo, Graça Foster disse que a Operação Lava Jato mudará a estatal, com o aprendizado na prevenção de contratação de empresas. "Não vamos esquecer nunca o ano de 2014, mas a operação Lava Jato muda a petrobras para muito melhor", disse.

Propina em 1997

Questionada sobre denúncias de propina paga pela holandesa SBM Offshore no Brasil, Graça Foster disse que cancelou contratos com a companhia e comentou a fala do ex-gerente Pedro Barusco. À CPI da Petrobras, o delator disse ter começado a receber propina da empresa em 1997 ou 1998, mas classificou o crime como fruto de uma “iniciativa pessoal”.

Suíça libera R$ 120 mi da Petrobras bloqueado no país:

“Eu não consigo imaginar como pode ser verdadeira a fala do Barusco de que ele, sozinho, recebia propina. Até hoje não temos um retrato oficial da propina da SBM. Só temos a fala do Barusco”, disse.

Graça disse ter "dificuldade de aceitar" que um gestor no meio da linha hierárquica da estatal possa ter feito um acordo para receber propina sozinho. 

"Acho que ta;vez nosso colega Barusco possa não ter falado por estar em um processo de delação premiada", disse, sendo questionada mais tarde por que se referiu a um corrupto confesso como "colega". "Foi um ato que deve ter algum significado. Talvez eu não queria ser injusta", afirmou, reconhecendo que o termo era errado.

Para ela, Barusco é um engenheiro admirável e sua fala na delação premiada é "inimaginável". "Ele é um engenheiro naval admirável. Quando a gente vê o Barusco falando de si, é algo inimaginável, a gente pensa que está em outro planeta."

Fonte: Terra
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