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Política

Ex-titular da delegacia que ficou à frente da investigação é alvo de busca e apreensão

Giniton Lages também foi afastado do cargo na Polícia Civil por determinação do ministro Alexandre de Moraes

24 mar 2024 - 15h47
(atualizado às 17h04)
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Giniton Lages
Giniton Lages
Foto: Reprodução/YouTube

O ex-chefe da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Giniton Lages, é um dos alvos de mandados de busca e apreensão na manhã deste domingo, 24, segundo informações do jornal O Globo. Lages ficou à frente do caso Marielle logo no início das investigações e chegou a escrever um livro de 296 páginas contando os bastidores do trabalho.

De acordo com o jornal, na primeira fase das investigações após a morte de Marielle, então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, ligou para Giniton e mandou ele interrogar o então policial militar Rodrigo Ferreira, o Ferreirinha. Na época, ele se apresentou como testemunha de uma conversa entre Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, e o vereador Marcello Siciliano, em que teriam planejado matar a vereadora.

No entanto, essa versão era falsa, conforme confirmado dez meses depois em uma apuração paralela feita pela Polícia Federal, que ficou conhecida como "investigação da investigação"

Segundo a GloboNews, Giniton e o comissário de polícia Marco Antonio de Barros Pinto foram afastados de seus cargos após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foi determinado que o ex-chefe da DHC terá que usar tornozeleira eletrônica.

Conforme a CNN Brasil, Giniton foi afastado do caso Marielle em 2019, ano em que foi encaminhado pelo governo do Rio para Itália para estudar, como uma espécie de “prêmio” pelos trabalhos que prestou ao Estado.

O Terra tenta localizar a defesa de Giniton. O espaço segue aberto para manifestações.

Em postagem no Instagram, Giniton publicou livrou que escreveu sobre o caso
Em postagem no Instagram, Giniton publicou livrou que escreveu sobre o caso
Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Montagem com imagens de reprodução/X/Agência Brasil

A operação e os presos

A Polícia Federal prendeu preventivamente, na manhã deste domingo três suspeitos de mandar matar Marielle Franco e Anderson Gomes: Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Segundo as investigações, a motivação do crime foi a atuação política de Marielle, que atrapalhava o interesse dos irmãos

De acordo com decisão do ministro Alexandre de Moraes que autoriza a prisão, o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, por causa da participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão na época em que era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

No relatório final do inquérito, que possui 479 páginas, é descrito que a presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Isso porque na região, que em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

operação foi antecipada para este final de semana para preservar o "fator surpresa", já que havia potencial risco de fuga dos investigados. Além disso, para evitar vazamentos, as informações sobre a ação policial foram compartimentadas.

De acordo com o O Globo, agentes responsáveis por executar os 12 mandados de buscas e apreensões no Rio de Janeiro receberam informações genéricas sobre o caso. Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em complemento, segundo o jornalista César Tralli, da Rede Globo, a decisão de antecipar a operação foi tomada na noite de quinta para sexta-feira, em Brasília. Foram envolvidas as cúpulas da Procuradoria Geral da República (PGR), da Polícia Federal (PF) e auxiliares do Supremo Tribunal Federal (STF).

A urgência foi devido à homologação da delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, na última terça-feira, 19. Detalhes da delação começaram a ser divulgados e poderiam atrapalhar a operação. Além disso, foram encontrados indícios de que parentes dos alvos do inquérito estavam se movimentando para deixar o Brasil. 

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A Operação Murder Inc., como foi nomeada, contou com o apoio da Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro, da Secretaria Nacional de Políticas Penais e do Ministério da Justiça e Segurança Pública. 

Além de ter como alvo autores intelectuais do crime de homicídio, também estão sendo apurados crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.

Fonte: Redação Terra
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