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Política

Delegado preso consolou família de Marielle e disse que solucionar crime era 'questão de honra'

Rivaldo Barbosa é suspeito de atuar para proteger os irmãos apontados como mandantes do crime; ele é um dos presos pela Polícia Federal neste domingo, 24

24 mar 2024 - 10h36
(atualizado em 26/3/2024 às 08h58)
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BRASÍLIA - O delegado Rivaldo Barbosa assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em 13 de março de 2018, véspera do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Neste domingo, 24, ele foi um dos presos pela Polícia Federal (PF) por suspeitas de atuar para proteger os apontados como mandantes dos assassinatos.

Delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, na sede da Polícia Federal
Delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, na sede da Polícia Federal
Foto: Pedro Kirilos/Estadão / Estadão

Depois do crime, o delegado recebeu e solidarizou-se com as famílias e amigos das vítimas e prometeu à mãe de Marielle que a solução do caso seria "questão de honra".

"Ele falou que era questão de honra elucidar esse caso", disse Marinete da Silva, mãe de Marielle, em entrevista à Globonews neste domingo. "A maior surpresa nisso tudo foi o nome do Rivaldo. Minha filha confiava nele, no trabalho dele."

Antes de ganhar o mandato na Câmara do Rio, Marielle Franco era assessora do deputado Marcelo Freixo (PT), hoje presidente da Embratur. Ele contou que Rivaldo Barbosa recebeu as famílias das vítimas no dia seguinte ao assassinato.

"Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro", disse, nas redes sociais.

O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro
O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro
Foto: Wilton Júnior/Estadão / Estadão

Segundo a mulher de Freixo, Antonia Pellegrino, diretora da EBC, o delegado Rivaldo Barbosa se colocou à disposição de todos. "Nunca vou me esquecer de Rivaldo Barbosa recebendo a família e os amigos da Marielle, no dia 15 de março. Ao sairmos da sede da polícia, o então chefe da Civil me disse: 'Qualquer coisa estranha, qualquer insegurança, me liga'", contou.

O delegado Rivaldo Barbosa foi nomeado em 2018 para a chefia da Polícia Civil do Rio pelo então interventor na segurança pública do estado, o general Walter Braga Netto. O militar foi escolhido pelo presidente Michel Temer (MDB). O decreto da intervenção foi baixado "diante do quadro de insegurança do Rio" a vigorou entre 16 de fevereiro e 31 de dezembro de 2018.

As primeiras informações policiais sobre a prisão do delegado Rivaldo Barbosa indicam que ele atuou para proteger os irmãos Chiquinho Brazão, deputado federal, e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio. Ambos são apontados como o mandante do crime, e para atrapalhar as investigações.

A operação deflagrada pela Polícia Federal num domingo, o que não é usual, porque havia riscos de vazamentos de informações sobre os alvos. As autoridades quiseram diminuir riscos de fugas dos suspeitas.

Estadão
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