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Política

CPI de Transição de Gênero na Alesp tem bate-boca e deputado compara criança trans a 'gato vegano'

Vice-líder do governo Tarcísio, Guto Zacarias (União Brasil) afirma que, assim como pets comem produtos veganos por escolha dos donos, transição também seria escolha dos pais

14 jun 2023 - 21h00
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O primeiro encontro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o tratamento para transição de gênero de crianças e adolescentes realizado pelo Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo teve início nesta quarta-feira, 14, com bate-boca entre deputados governistas e da oposição. Parlamentares da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) querem apurar se o HC viola as disposições do Conselho Federal de Medicina e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao realizar o tratamento.

Na audiência, o deputado Guto Zacarias (União Brasil), que é vice-líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), afirmou que a transição de gênero é uma escolha dos pais. Para isso, disse que crianças trans são como "gatos veganos".

"Eu costumo dizer que criança trans é igual a gato vegano. Todo mundo sabe quem está fazendo essa escolha. É o dono daquele pet. No caso da criança trans, é um pai irresponsável", afirmou, causando reação de parlamentares que compõem o colegiado.

Ele foi interrompido pela deputada Analice Fernandes (PSDB), que disse que a CPI debate um tema sensível. "O tema aqui não é esquerda nem direita. É uma questão de hormonoterapia. Nós estamos debatendo um tema sensível. Nossa CPI é suprapartidária", afirmou.

Guilherme Cortez (PSOL) disse que Guto usa "chavões e tentativas de lacrar". "A gente está falando de um tema muito sério, não é um tema ideológico, moral, é o respeito à medicina, ao Estatuto da Criança e do Adolescente, aos direitos humanos", disse.

Tomé Abduch (Republicanos) afirmou se sentir desrespeitado na discussão. "Eu gostaria que alguém pudesse me explicar cientificamente o que uma criança entre 5 e 11 anos de idade pode decidir sobre sua própria sexualidade", disse. "Eu estou cansado dessa briga ideológica, nós temos de pregar o respeito. Eu como hétero, cis, branco, hoje me sinto desrespeitado. A impressão que dá é que, quando discorda de alguma coisa, a gente passa a ser homofóbico, e na verdade a vida de todos nós é pautada em divergências", disse.

Os embates foram mediados pelo deputado bolsonarista Gil Diniz (PL-SP), que foi eleito presidente do colegiado. Os membros fizeram um acordo para eleger a deputada Beth Sahão (PT) como vice. O relator será o deputado Tenente Coimbra (PL).

Sahão defendeu um trabalho isento da CPI. "Vamos tentar fazer um trabalho pautado pela ciência, pelo trabalho magnífico que o HC presta em todas as suas áreas do conhecimento", disse.

Já Diniz ponderou que não quer criminalizar ninguém. "A CPI vai trabalhar em cima dos procedimentos dentro do HC, investigar se eles estão cumprindo a regulamentação vigente, se o Estatuto da Criança e do Adolescente está sendo respeitado", afirmou.

Estadão
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