Áudios mostram irritação de Bolsonaro com acusação de desvios públicos no caso das joias
Diálogos obtidos por jornal foram encontrados pela PF no celular do ex-presidente apreendido em 2023
Áudios do celular de Jair Bolsonaro, apreendido em 2023, revelam irritação do ex-presidente com acusações de peculato no caso das joias sauditas e rótulos de extrema direita, além de diálogos sobre disputas internas no PL.
Mensagens de áudio mostram a irritação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com as acusações de desvios públicos no caso das joias dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita e por ser chamado pelo rótulo de "extrema direita", segundo material obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo. Os diálogos foram encontrados pela Polícia Federal no celular do ex-chefe do Executivo apreendido em 2023.
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Conforme a publicação, no dia 28 de abril de 2023, o ex-secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, enviou a Bolsonaro no WhatsApp um resumo de notícias publicadas sobre o caso das joias, que citavam suspeitas de peculato.
Na ocasião, o foco da investigação era a tentativa de retirar o conjunto de joias do aeroporto de Guarulhos e não se sabia que os aliados tentaram vender outros itens nos Estados Unidos.
Por meio de áudio, o ex-presidente respondeu: "Ô Fábio, a nota aí né. Indícios de desvio de recurso público. Que que é isso? Onde é que inventou isso pô? Indícios pra me incriminar com peculato? É uma piada realmente. Valeu".
Já em outra conversa, Wajngarten compartilhou com Bolsonaro que o ex-presidente seria recebido por integrantes de um partido de extrema direita durante uma viagem para Portugal, que não aconteceu posteriormente.
Na resposta, também em áudio, Bolsonaro reclamou do rótulo: "Ô Fábio, tu sabe que… Os caras vão manter isso o tempo todo né, que é só extrema direita. Falou comigo é extrema direita. O Trump também deve ser extrema direita. Tá ok, mas a gente vai vencer isso aí, vai vencer a extrema esquerda, pode deixar. Valeu."
Disputas no PL
De acordo com o jornal, o ex-chefe do Executivo também foi procurado por aliados para intervir em disputas no PL. Uma das mensagens mostra que ele enviou um áudio ao presidente do partido, Valdemar Costa Neto, para explicar uma briga pelo comando do diretório do partido na Paraíba e defendeu o deputado Wellington Roberto.
"Ô Valdemar, tá dando atrito forte aí entre o deputado Wellington Roberto e o Cabo Gilberto. Isso aí o que tá acontecendo lá na Paraíba… O pessoal nosso tá fugindo. Então tem que apagar esse incêndio imediatamente. A decisão é tua. Eu vou pelo Wellington Roberto assumir aquele negócio lá, mas a decisão é tua, ok. Valeu", enviou Bolsonaro.
O ex-ministro Gilson Machado foi outro que pediu ajuda ao ex-presidente para comandar o partido no Recife. "Gilson, vamo lá, a batalha se ganha por partes. A legenda é tua lá em Recife, não se discute esse fato, tá ok. É o primeiro passo da vitória pra nós aí. Tá ok. O resto vai trabalhando aí", disse Bolsonaro.
Nas eleições à Prefeitura de Recife em 2024, Gilson foi o candidato do PL, mas foi derrotado pelo prefeito João Campos (PSB).
Procurada pelo jornal, as defesas de Bolsonaro, Wajngarten e Valdemar Costa Neto disseram que não iriam se manifestar sobre o assunto. A defesa de Gilson não retornou aos contatos. O espaço do Terra segue aberto para manifestações.
