Advogado de defesa de Garnier usa termo capacitista 'débil mental' para citar oposição
Demóstenes Lázaro Xavier Torres participava do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado após a eleição presidencial de 2022
O advogado de Almir Garnier usou o termo "débil mental" para criticar a oposição durante o primeiro dia de julgamento no STF sobre a tentativa de golpe pós-eleições de 2022, que envolve ex-membros do governo Bolsonaro.
O advogado Demóstenes Lázaro Xavier Torres, responsável pela defesa de Almir Garnier, usou nesta terça-feira, 2, o termo capacitista 'débil mental' para tratar dos ideais de políticos e personalidades de oposição.
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Ele citou nominalmente os deputados Guilherme Boulos (PSOL-SP), Túlio Gadêlha (Rede-PE) e o jornalista Guga Noblat. Nas postagens destacadas por Demóstenes, Boulos citava a queda do império de Luis XVI, com uma guilhotina, Noblat alertava Bolsonaro para a iminência de uma nova ameaça como foi Adélio Bispo (homem que deferiu a facada contra Jair durante a campanha presidencial) e Gadêlha, que teria curtido um comentário enaltecendo o golpe na região intestinal do ex-presidente.
"Alguém pode dizer que seria bom que Bolsonaro tivesse sido morto com aquela facada ou até que aquela facada fosse fake ou que a solução seria guilhotina. Tem que haver tolerância contra esse discurso. É um discurso quase que de um débil mental", disse ele.
O discurso do advogado tentava mostrar que seu cliente e Bolsonaro podem ter feitos comentários semelhantes e que precisavam ser tolerados.
O termo foi utilizado por muitos anos de forma agressiva, capacitista e pejorativa para se referir a uma pessoa com deficiência intelectual e tem caído em desuso.
Este é o primeiro dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a participação do chamado 'núcleo crucial' na tentativa de golpe de Estado que teria ocorrido após as eleições presidenciais de 2022. O julgamento prosseguirá nos próximos dias e deve se encerrar no dia 12.
São réus no processo o ex-presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Mauro Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
O grupo responde por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
