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Polícia

'Não volto mais para a PM', diz soldado vítima de tortura em treinamento no DF

O soldado Danilo Martins deu detalhes sobre as agressões sofridas durante o primeiro dia de treinamento para o Batalhão de Choque

30 abr 2024 - 18h09
(atualizado às 19h20)
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Imagens mostram os hematomas de Danilo, que ficou 6 dias internado
Imagens mostram os hematomas de Danilo, que ficou 6 dias internado
Foto: Reprodução/TV Globo

O soldado Danilo Martins Pereira, de 34 anos, que denuncia ter sido vítima de tortura durante um treinamento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), não pretender retornar para a corporação. Lotado no Batalhão do Riacho Fundo, Danilo ficou internado por seis dias na UTI depois do primeiro dia do 16º Curso de Formação do Patrulhamento Tático Móvel do Batalhão de Choque (BPChoque).

"Não volto mais para a PM", disse ao jornal Correio Braziliense. "Foi um sonho que se tornou pesadelo. Não quero de jeito nenhum continuar. Estou com meu físico e meu psicológico debilitados. Meus pais, que são idosos, estão com a saúde comprometida", complementou.

O treinamento ocorreu no dia 21 de abril. Danilo contou ter chegado ao batalhão às 8h e retornado para casa por volta das 16h30. Segundo a decisão judicial, a qual o jornal teve acesso, o soldado relatou ter "sinais visíveis de estresse físico, como vermelhidão nos braços e rosto, típicos de uma severa insolação". Em casa, sua irmã percebeu seus machucados e o levou ao hospital.

Para a irmã, Danilo contou ter sido espancado com pedaços de madeira nas pernas, nádegas e tronco, com chutes e socos no rosto, além de ter sofrido golpes com um capacete, que teria quebrado com o impacto. O soldado também disse ter sido atingido com uma espuma química no rosto e no corpo a uma curta distância.

"Logo no começo, o coordenador me colocou na frente da turma e disse: 'Olhem para esse verme aqui. Ele vai ser desligado e quem ajudar será desligado automaticamente'", detalhou.

Danilo diz acreditar que o motivo para tanta agressividade esteja relacionado à sua trajetória dentro da PM. "Pela vida que eu tenho nas redes sociais, pelo livro que lancei, porque sou escritor. No mês passado, por exemplo, ganhei moção honrosa na Câmara Legislativa por participar de uma operação com refém", disse.

O soldado foi ouvido ainda no Hospital Brasília por um membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Na segunda-feira, 29, 14 policiais militares foram presos temporariamente, e foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.

O curso também foi suspenso até o encerramento das investigações. "Segundo a vítima, ela foi forçada a desistir do curso de formação. Com a recusa da desistência, foi agredida, humilhada e torturada durante oito horas", resume o MPDFT, em nota.

O comandante do BPChoque, o tenente-coronel Cabele Teixeira das Neves, foi afastado. Segundo o Correio Braziliense, foram presos: o coordenador do curso, o segundo-tenente Marco Aurélio Teixeira; Gabriel Saraiva dos Santos, Daniel Barboza Sinesio, Wagner Santos Silvares, Fábio de Oliveira Flor, Elder de Oliveira Arruda, Eduardo Luiz Ribeiro da Silva, Rafael Pereira Miranda, Bruno Almeida da Silva, Danilo Ferreira Lopes, Rodrigo Assunção Dias, Matheus Barros dos Santos Souza, Diekson Coelho Peres e Reniery Santa Rosa.

A Polícia Militar do DF diz que não admite desvios de conduta e apura os fatos de "maneira criteriosa e imparcial, observando todo o procedimento legal, permitindo a ampla defesa dos envolvidos." A corporação disse ter instaurado inquérito policial militar e que não comenta decisões judiciais.

Fonte: Redação Terra
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