PUBLICIDADE

Polícia

MT: delegado, procuradora e juiz são ameaçados de morte

Três testemunhas e políticos da região também estão na mesma situação

9 dez 2014 - 07h45
Compartilhar
Exibir comentários
<p>A Operação Terra Prometida é resultado de quatro anos de investigações</p>
A Operação Terra Prometida é resultado de quatro anos de investigações
Foto: Keka Werneck / Especial para Terra

Horas após o Tribunal Regional Federal (TRF) determinar a soltura dos 34 presos na Operação Terra Prometida, que apura a atividade ilegal de uma organização criminosa e armada especializada em apropriação indevida de terras da União no Norte de Mato Grosso, o juiz federal, Fábio Fiorenza, a procuradora do Ministério Público Federal (MPF), Ludimilla Brandão, e o delegado da Polícia Federal, Hércules Sodré, que conduzem as investigações do caso, começaram a receber ameaças de morte por telefone.

Três testemunhas que deram esclarecimentos sobre o esquema movido por grandes fazendeiros do agronegócio e políticos da região também estão nessa mesma situação.

Em nota à imprensa o MPF informou que “na tarde desta segunda-feira (08/12), o juiz federal e a procuradora da República estiveram reunidos com o delegado para obterem mais informações sobre o telefonema recebido por ele com ameaças de morte que se estenderam à procuradora da República e ao juiz federal”.

Já se sabe que a ligação partiu de um telefone público da cidade de Itanhangá, município onde moram vários dos investigados que foram presos.

O entendimento da procuradora da República e do delegado é que as ameaças sofridas por eles e pelas testemunhas demonstram quão poderosa é essa organização criminosa e  corroboram com a investigação pois fortalecem os argumentos que embasaram os pedidos de prisão e busca e apreensão.  

“Não estamos intimidados. As ameaças reforçam os nossos argumentos sobre a periculosidade da organização criminosa e demonstram que a investigação está no caminho certo. Daremos seguimento à investigação com a mesma dedicação aplicada desde o início dos trabalhos”, afirmam os três ameaçados.

O Operação Terra Prometida resvala no ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Neri Geller, já que dois irmãos dele foram presos na Operação e outros familiares usados como “laranjas”, para “esquentar” lotes que deveriam ser destinados à reforma agrária. O ministro negou qualquer envolvimento com esta organização.

O alvo da ação criminosa, conforme as investigações, é o projeto de assentamento Tapurah/Itanhangá. Por conta da seriedade das ameaças, a Polícia Federal, vai instaurar inquérito, a partir do boletim de ocorrência de três testemunhas e do delegado Sodré.

O juiz Fiorenza foi que determinou as prisões e dos suspeitos no dia 27 de novembro, quando foi desencadeada a primeira etapa da Operação. Ele também expediu os mandados de busca e apreensão. As ordens judiciais foram cumpridas em Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No dia 4 de dezembro, ou seja, uma semana depois, todos os presos foram soltos..

Conforme o MPF, o pedido de habeas corpus foi feito por um dos presos. A decisão de soltura foi estendida aos demais presos.

O advogado dos irmãos Geller, Murilo Silva Freire, disse que os clientes dele, por exemplo, “não são pessoas capazes de tomar este tipo de conduta”.

A Operação Terra Prometida é resultado de quatro anos de investigações. Além de crimes como invasão de terras da União, estelionato, fraude e formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, conforme a Polícia Federal, os presos vão responder ainda por crime ambiental, porque boa parte dos lotes apropriados ilegalmente foram totalmente desmatados, contrariando legislação vigente.

O assentamento tem 115 mil hectares e é o segundo maior da América Latina. As investigações apontam que as terras angariadas pelo esquema criminoso valem juntas 1 bilhão de reais. 

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade