Insatisfação com escala de trabalho pode ter motivado sargento a matar colegas em SP

O ataque que deixou dois policiais mortos em Salto, no interior de São Paulo, pode ter sido motivado por uma insatisfação na escala de trabalho por parte do sargento que disparou contra as vítimas, segundo apura a Corregedoria da Polícia Militar. A informação é do Balanço Geral, da Record TV. O PM se entregou após os crimes e permanece preso. 

Ao Metrópoles, o advogado do sargento, Rogério Augusto Dini Duarte, confirmou que o PM se sentia perseguido dentro do batalhão e afirmou que ele estava com a “vida conjugal afetada”. Segundo Duarte, a esposa do PM, que também é policial militar, servia na mesma unidade que ele e os horários de ambos estavam coincidindo, o que atrapalhava nos cuidados da filha pequena e no cotidiano do casal.

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“Parece coisa boba, mas não é. Isso interfere na vida da família, do casal… Como os dois serviam na mesma unidade, o comando deveria levar em consideração, dialogar, tentar resolver o problema, e não impor. Será que não dava para remanejar a escala de um deles?”, disse o advogado ao Metrópoles, afirmando também que a situação ficou insustentável para o cliente.

Duarte também reforçou que que Gouveia tem 32 anos de corporação e nunca teve problemas. O Terra tentou contato com o advogado, que informou que não se manifestará sobre o assunto. 

As vítimas dos disparos feitos por Gouveia foram o capitão Josias Justi da Conceição Júnior e o sargento Roberto Aparecido da Silva. 

Josias Justi tinha 39 anos e desde 2020 era o comandante do batalhão em que foi assassinado pelo sargento. Ele deixa esposa e dois filhos, de 5 e 3 anos de idade.

Já Roberto Aparecido ocupava a mesma posição que o sargento que o matou. Ele morreu aos 52 anos, deixando mulher e três filhos, de 29, 18 e 15 anos.

Os dois foram enterrados nesta terça-feira, 16, no mesmo cemitério, em Sorocaba. O sepultamento foi marcado por comoção de familiares, amigos e autoridades. A Prefeitura de Salto declarou luto oficial de três dias após a morte dos agentes de segurança. 

Sargento era visto como pessoal calma e gentil

Segundo reportagem da BBC, o sargento Gouveia era descrito como um homem calmo, educado, respeitoso e, principalmente, gentil, por conhecidos, colegas de farda, comerciantes próximos ao batalhão onde ele trabalhava, nas redes sociais e por alunos de uma associação onde ele ensinava patinação.

Há um mês, a reportagem da BBC News Brasil entrevistou Gouveia. Durante uma conversa de quase uma hora, a reportagem buscou entender por que ele era considerado nas redes sociais, especialmente no YouTube, um dos policiais "mais gentis do Brasil" e o que ele pensava disso.

Durante a entrevista, o sargento Gouveia agradeceu os elogios recebidos nas redes sociais e afirmou que apenas fazia o trabalho dele, seguindo o manual da Polícia Militar.