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Polícia

Idealizador de norma: proibir PMs de socorrer feridos reduzirá mortes

9 jan 2013 - 10h04
(atualizado às 10h04)
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O veto à atuação de policiais em resgates de vítimas de crimes ou confrontos não prejudica a população e deve reduzir o número de ocorrências de mortes em São Paulo, aposta o idealizador da norma, o ouvidor da polícia Luiz Gonzaga Dantas. A prática de levar feridos para o hospital era tema de denúncias protocoladas junto ao órgão que recebe queixas de supostas execuções.

Nove criminosos foram mortos pelas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em setembro de 2012
Nove criminosos foram mortos pelas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em setembro de 2012
Foto: Mario Angelo / Futura Press

“O Estado, pela sua própria natureza, deve ser transparente. E a ação de seus policiais deve ser também transparente. O policial, no momento em que está exercendo sua função, é o Estado que está ali. E havia a desconfiança da população, em denúncias aqui (na Ouvidoria da Polícia), que mostravam que os policiais tinham feito o socorro de pessoas com ferimentos leves e, quando chegavam ao hospital, estavam mortas”, disse Dantas. “Como, por exemplo, uma pessoa que levou um tiro no braço, era socorrida e quando chegava ao hospital estava morta com três tiros”, acrescentou.

Ouvidor da polícia desde 2009, Luiz Gonzaga Dantas sugeriu a proibição para o então secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto. A medida foi adotada e divulgada no Diário Oficial do Estado na terça-feira, assinada pelo novo titular da pasta, Fernando Grella Vieira.

Segundo a resolução publicada, uma equipe de paramédicos, como do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), deve ser imediatamente acionada para o socorro de vítimas em ocorrências policiais. Depois, o Comando de Operações da Polícia Militar (Copom) ou o Centro de Comunicações da Polícia Civil (Cepol) devem ser prontamente comunicados, dependendo do caso. O policial envolvido na ocorrência deverá ficar no local e preservar a cena do crime até a chegada da perícia.

“A formação do policial é outra. É fazer a prevenção contra o crime ou então a repressão quando este crime acontecer. Ele não pode exercer a função de médico, de enfermeiro, de paramédico. Ele não foi formado para isso. Até a forma dele colocar a pessoa na viatura, pode leva-la à morte. E em respeito ao direito da pessoa, ela deve ser tratada com o devido cuidado, porque a partir dali ela está sob a proteção do Estado”, disse Dantas.

A resolução, segundo o ouvidor, deve reduzir a letalidade em ocorrências envolvendo policiais, que só em 2012 somou 506 mortes, ante 438 em 2011. “Acredito que vai aumentar (a punição de policiais infratores) e diminuir a letalidade. No momento em que o policial não transporta a pessoa ferida para o hospital, ele vai esperar o Samu imediatamente chegar para fazer o socorro. Ele não vai mais poder inventar nada no caminho até o hospital”, disse. A norma publicada não especifica, no entanto, a quais sanções serão submetidos aqueles que descumprirem a norma. 

A medida da Secretaria de Segurança Pública também muda a nomenclatura de ocorrências em operações policiais, que eram chamados de “resistência seguida de morte” ou “auto de resistência”. Seguindo recomendação da resolução nº 8 do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, o novo termo acaba com a presunção de que a vítima resistiu à ação policial e serão registradas como “morte decorrente de intervenção policial” ou “lesão corporação decorrente de intervenção policial”, de modo a incentivar a investigação dos casos como homicídio. “Era uma forma incorreta de fazer o registro do evento”, disse Dantas.

Salário de policiais

Para 2013, o ouvidor da Polícia pretende sugerir um aumento para policiais na tentativa de equiparar aos ganhos de profissionais de segurança do Distrito Federal. O piso inicial de um PM em São Paulo é de R$ 2.242,38, enquanto no DF os ganhos partem de R$ 4,7 mil. 

Fonte: Terra
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