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Polícia

Ex-namorada de fiscal preso em SP presta depoimento: 'tenho medo'

4 nov 2013 - 19h21
(atualizado às 20h06)
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A ex-namorada do fiscal Luis Alexandre Cardoso Magalhães - preso com outros três servidores por acusação de fraude milionária na prefeitura de São Paulo durante a gestão de Gilberto Kassab - Vanessa Alcântara disse na tarde desta segunda-feira, após prestar depoimento no Ministério Público de São Paulo, que está com medo das consequências que suas declarações podem provocar. 

“Estou com medo. Muito medo”, disse Vanessa, que afirmou no depoimento que Magalhães revelou o esquema a ela quando ainda estavam juntos. “Só vim falar da minha vida pessoal com ele, que eu era esposa dele, morava junto com ele. Nós temos um filho. E ele chegava e me contava essas coisas (o esquema) em casa, mas não tenho como provar.”

Segundo o jornal Estado de S.Paulo, Vanessa, que seria amante do fiscal, ameaçou denunciar todo o esquema durante as investigações se não ficasse com a guarda do menino e uma pensão maior. De acordo com o jornal, escutas revelaram que Vanessa ameaçou Magalhães dizendo que enviaria e-mails a secretários da gestão do atual prefeito Fernando Haddad (PT) denunciando o esquema de corrupção em detalhes. Ela também teria dito, em telefonemas, que foi espancada por Magalhães quando estava grávida para forçar um aborto.

Nesta segunda-feira, Vanessa afirmou que pretende reaver a guarda do filho, que está com o fiscal. “Quero que a justiça seja feita. Estou abrindo mão de tudo isso. Se eu fosse uma pessoa que quisesse tirar proveito de alguma coisa, os bens seriam parte do patrimônio do meu filho, e eu não quero nada disso, só quero que a justiça seja feita”, disse. Segundo ela, os bens estão bloqueados.

De acordo com o promotor de Justiça Roberto Bodini, Vanessa já havia sido ouvida anteriormente, mas procurou o Ministério Público por estar insegura.

"Durante a investigação, nesses 7 meses conseguimos a oitiva e ela já prestou depoimento. A particição dela nessa fase já terminou. Se surgirem novos fatos vamos chamá-la novamente. Ela não trouxe nenhuma novidade, mas ela se mostra receosa, tem medo de algumas situações e tem as razões dela. Tentamos orientá-la quanto a esse medo, que a gente não sabe se é real ou se não. Mas o MP tem todo interesse em proteger não só ela, mas todas as testemunhas", disse o membro do MP.

Magalhães, solto no início da madrugada desta segunda-feira do 77º Distrito Policial (Santa Cecília), no centro da capital, onde estava detido desde a última quarta-feira, decidiu colaborar com as investigações e firmou um termo de delação premiada. Segundo o Estado de S.Paulo, a estimativa é de que ele tenha patrimônio não declarado superior a R$ 7 milhões.

Os servidores são acusados de terem desviado recursos do sistema de arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS), cobrado de empresas do ramo imobiliário. O Ministério Público estima que foram desviados até R$ 500 milhões. O esquema fraudava o recolhimento do ISS, calculado sobre o custo total da obra. Esse recolhimento é condição necessária para que a construtora ou incorporadora obtenha o habite-se, que permite a liberação do empreendimento para ocupação.

Em relação à citação do nome do secretário do prefeito Haddad Antonio Donato, o promotor afirmou que o político não será investigado neste caso. Para o membro do MP, uma investigação ao secretário mudaria o foco dos trabalhos.

"Neste procedimento não (será investigado). Os fatos que supostamento foram divulgados não guardam relação direta com os crimes que estamos apurando. E até para que eu tenha foco ele não vai ser incluído. Se há outros crimes de outros servidores, não pode ser inserido nesse procedimento sob pena de não terminar minha investigação. Se eu parar para ver se houve doação para campanha dio Donato, foge à minha linha de investigação", disse Bodini.

De acordo com o promotor, para esta segunda-feira estava previsto para o MP colher depoimento de um dos três servidores presos temporariamente no 77 DP. Porém, não foi possível e os trabalhos deverão ser feitos ao longo da semana. "Aproveitamos o dia para dar andamento para analisar o material apreendido durante a operação".

Fonte: Terra
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